O Sinopse está de regresso a Leiria com uma edição que revela o ADN do festival. A partir de hoje, 8 de junho, e até dia 30 é dado palco a grupos de teatro emergentes e estruturas mais conceituados, da região e fora dela, sendo que a grande aposta é o teatro infantojuvenil.
“Observamos que se vai fazendo teatro para a infância, as escolas até promovem e levam os alunos ao teatro. Mas depois do 2º ciclo deixa de haver [teatro]. Há um vazio. Portanto, o hábito de desfrutar teatro perde-se e é difícil retomar”, explica Miguel Sarreira, responsável do grupo Te-Ato, que organiza o festival.
Procurando colmatar esta lacuna, o Sinopse – Festival Ator João Moital arranca esta quarta-feira, às 16 horas, com a peça “Na Língua de Camões”, pelo Teatro à Solta, da Marinha Grande.
Neste divertido espetáculo, que acontece no Teatro José Lúcio da Silva, é dada a conhecer uma adaptação “engraçada e acessível” da obra “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, em que se é proposta “uma certa contextualização do que é isto ser português”, com um cuidado que “não desvirtua o texto original”, realça Miguel Sarreira.
No segundo dia do festival, a 15 de junho, o Te-Ato estreia “BÚ ou a Pragmática do Sonho” no Teatro Miguel Franco. Trata-se de uma peça encenada por João Lázaro e interpretada por João Moital e José Luís Coelho, a partir de texto de Luís Mourão, uma narrativa sobre dois velhos amigos que não precisam de muito para se descodificar. “Faz-nos questionar um bocadinho o que é que somos nós em relação ao outro e o que é que o outro faz de nós”, adianta o responsável pela organização.
A 16 de junho, pelas 21h30, sobe ao palco do Teatro Miguel Franco a companhia “A Corda”, de Alcobaça, com “Jogo de Espelhos”, espetáculo inspirado no “Livro do Desassossego” do semi-heterónimo de Fernando Pessoa, Bernardo Soares.
A programação inclui ainda a apresentação de “Odeio a minha irmã”, produzido pelo Teatromosca, de Sintra, no dia 23, às 21h30.
Estes dois espetáculos acontecem no Teatro Miguel Franco e mostram a evolução do festival, que começou por ser apenas destinado a estruturas de Leiria e agora expande-se a companhias de outros concelhos.
De Lisboa, chega a associação Boutique de Cultura para apresentar a peça “Abraças-me”, inspirada no livro para a infância de João Borges de Oliveira com ilustrações de Sérgio Condenço. Numa abordagem multidisciplinar, a encenadora Ana Lázaro – que iniciou o percurso no Te-Ato – reescreve a história para os mais novos.
O festival encerra dia 30 com “A voz humana”, criação do Teatro do Eléctrico a partir do texto homónimo do dramaturgo Jean Cocteau, que consiste num monólogo de uma mulher a falar ao telefone com o seu amante. Em palco, está apenas a atriz, um microfone num tripé e uma guitarra.
Os bilhetes para os espetáculos variam entre 5 e 8 euros, estando disponíveis para compra em www.teatrojlsilva.pt.
(Notícia corrigida com a retificação do autor do “Livro do Desassossego” e correção da referência ao percurso de Ana Lázaro no Te-Ato)