A União de Agricultores do Distrito de Leiria (UADL) manifestou hoje preocupação com o estado de seca no país e considerou que o racionamento de água para a agricultura vai ser uma realidade.
“Nem sequer duvido, esperamos que não, mas pode vir a acontecer” o racionamento de água, disse à agência Lusa o secretário-geral da UADL, António Ferraria.
A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, admitiu na terça-feira que o Governo pode avançar, a curto prazo, com “maiores restrições ao uso” da água no setor, devido à situação de seca que atravessa o país.
“Estamos preocupados com esta situação” de seca no país e “as medidas de curto prazo, infelizmente, podem passar por maiores restrições ao uso” da água no setor da agricultura, afirmou a governante, em Évora.
António Ferraria salientou que com a seca as culturas não vão ter os resultados previstos.
“O que pode acontecer para já é [os agricultores] não terem o grau de produção que deveriam ter e, como tal, terem prejuízo”, declarou o dirigente, realçando tratar-se de mais uma preocupação que se estende à pecuária com a necessidade de pastagens para os animais.
Alertando para “barragens que começam a estar vazias ou a ter pouca água”, António Ferraria defendeu que o Governo deve oferecer garantias aos agricultores.
“Pedia ao Governo para vir ao encontro dos agricultores (…) e ajudá-los, naturalmente”, com apoio monetário, para fazer face ao problema da seca, declarou, considerando que este executivo e os anteriores não estão muito preocupados com os pequenos agricultores.
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), mais de um quarto do território do continente estava no final de junho em seca extrema (28,4%), verificando-se um aumento em particular na região Sul e em alguns locais do interior Norte e Centro.
O restante território estava em seca severa (67,9%) e seca moderada (3,7%), de acordo com o boletim meteorológico.
No final de junho, os valores de percentagem de água no solo continuavam muito baixos em todo o território e em especial na região interior Norte e Centro, no vale do Tejo, Alentejo e Algarve.
“De realçar os distritos de Bragança, Guarda, Castelo Branco, Santarém, Setúbal, Beja e Faro com valores inferiores a 10% e em muito locais iguais ao ponto de emurchecimento permanente”, destacou o IPMA.