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Autarcas das regiões de Leiria, Coimbra e Viseu defendem aeroporto a norte do Tejo

As três comunidade intermunicipais pedem que sejam consideradas localizações já estudadas “por razões de eficácia e de poupança de recursos”.

O presidente da Câmara de Leiria defende a solução que “foi, durante muito tempo, classificada como uma das melhores propostas”

As Comunidades Intermunicipais (CIM) da Região de Leiria, Região de Coimbra e Região de Viseu Dão Lafões defendem a construção do futuro aeroporto de Lisboa a norte do Tejo, “para dar resposta à economia e aos cidadãos” e “complementar os outros aeroportos do país”.

Considerando que numa “obra desta importância deve ser pedra-base da decisão um consenso amplo, dentro e fora do Governo”, as três CIM afirmam num comunicado conjunto que “a decisão sobre a localização do futuro aeroporto de Lisboa, pelo impacto estrutural e decisivo para o futuro do país, não pode estar sujeita a episódios e circunstâncias que nada têm a ver com a substância do que está em causa”.

Esta posição foi assumida ontem, sexta-feira, após um conjunto de reuniões entre as três entidades, que contestam a localização da infraestrutura a sul do Tejo, por ficar “longe da esmagadora maioria da população servida, que está a norte do Tejo, e sobretudo longe do rigor e da gestão racional de recursos que se impõe”.

Esta solução, apontam, obrigaria à “construção de uma nova ponte que fará disparar os custos do empreendimento”, além de “acentuar as assimetrias e injustiças no desenvolvimento equilibrado e justo do país”.

Referindo-se à “crise” suscitada nos últimos dias com a publicação do polémico despacho do Ministério das Infraestruturas e da Habitação – entretanto revogado pelo primeiro-ministro – que apontava Montijo e Alcochete como localizações para a nova solução aeroportuária da região de Lisboa, as três CIM reclamam um debate alargado sobre o tema para que sejam discutidas “as soluções que melhor sirvam os interesses de Portugal e dos portugueses”.

“Para os subscritores a melhor opção é clara: o aeroporto deve estar preferencialmente a norte do Tejo”, frisam na mesma nota, propondo, “por razões de eficácia e de poupança de recursos” que sejam consideradas “as localizações já estudadas”, sem contudo precisar quais.

Alverca ou Ota

Já o presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), Gonçalo Lopes, aponta as hipóteses da Ota e de Alverca para a nova infraestrutura aeroportuária do país.

Para o autarca, que preside também à Câmara de Leiria, a solução é aquela que, do ponto de vista económico e ambiental, “foi, durante muito tempo, nomeadamente a Ota, classificada como uma das melhores propostas”.

“Se queremos ser práticos, rápidos e, sobretudo, a pensar na sustentabilidade económica da infraestrutura, uma vez que grande parte dos utilizadores do Aeroporto Internacional de Lisboa são da margem norte do Tejo e não seria necessário construir uma ponte, nem uma linha de TGV [comboio de alta velocidade] com tanta urgência ou por esse motivo, faz todo o sentido – tendo em conta a crise que estamos a viver, mas, por outro lado, a importância que o turismo tem para a nossa economia – que se equacione a solução de Alverca e da Ota”, afirmou em declarações à Lusa.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro, o socialista António Costa, determinou a revogação do despacho que apontava os concelhos do Montijo e Alcochete como localizações para a nova solução aeroportuária da região de Lisboa, desautorizando o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que no dia anterior apresentou esta proposta.

A solução apontada passava por avançar com o projeto de um novo aeroporto no Montijo complementar ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, para estar operacional no final de 2026, sendo os dois para encerrar quando o aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete estiver concluído, previsivelmente em 2035.

No mesmo dia, António Costa defendeu que na nova solução aeroportuária para a região de Lisboa se tem de “trabalhar para uma solução técnica, política, ambiental e economicamente sustentável – uma solução que seja objeto de um consenso nacional, designadamente com o maior partido da oposição”.

Projeto para Monte Real mantém-se

Questionado sobre se na eventualidade de serem equacionadas as localizações da Ota e Alverca a abertura ao tráfego civil da Base Aérea de Monte Real, em Leiria, como tem pugnado a Câmara, perde força, Gonçalo Lopes contrapôs que “são coisas totalmente diferentes”, estabelecendo um paralelismo entre campos de futebol para a Liga dos Campeões e para a III divisão nacional.

“Esta infraestrutura [futuro aeroporto], temos de a pensar para servir o país e não um determinado tipo de região”, realçou, adiantando que os aeroportos regionais são “estruturas pequenas, de baixa operação, para servir ‘charters’”.

O presidente da CIMRL frisou que se trata de “uma posição que pensa o país e não uma solução de mero interesse de localidade”.

“E esta proposta irá, no meu entender, resolver muitos das indefinições e inseguranças que há neste processo, porque, como é óbvio, o povo português desconfia de soluções que, do ponto de vista económico e ambiental, são tão contestadas”, disse, considerando que “é por isso é que as decisões têm sido adiadas ano após ano”.

Com Lusa

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