A Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa apelou hoje a várias entidades para divulgarem os contactos da comissão numa altura em que muitos emigrantes estão no país, sensibilizando para a denúncia.
Até agora, a Comissão Independente (CI) para o Estudo de Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa recebeu vários testemunhos de portugueses emigrados em diversas partes do mundo, mas sobretudo Europa, adianta em comunicado.
O apelo feito pelo coordenador da CI, Pedro Strecht, tem em atenção esta época do ano em que “um número muito significativo de portugueses” residentes no estrangeiro regressam a Portugal e caso algum tenha sido vítima de abusos sexuais por membros da Igreja Católica na infância ou adolescência saber onde pode dar o seu testemunho e denunciar a situação.
Nesse sentido, solicita a todos os órgãos de comunicação social nacionais, regionais e locais que façam “uma nova e ampla divulgação” dos contactos da Comissão Independente esta semana e até ao final do mês.
“No estrito âmbito do seu trabalho de “dar voz ao silêncio”, a Comissão deve continuar a apelar a todos os adultos que possam ter sido vítimas de tais atos enquanto crianças até aos 18 anos de idade para que possam dar o seu testemunho anónimo através dos contactos 917 110 000 ou por preenchimento de inquérito geral@darvozaosilencio.org”, justifica Pedro Strecht.
A Comissão Independente estende ainda este apelo a todas as Federações e Ligas respeitantes às áreas desportivas, sobretudo as de maior impacto na população em geral, como por exemplo a de Futebol, para que possam fazer o mesmo nos seus torneios ou campeonatos.
Reitera também o pedido em relação “a todos os membros da Igreja que achem por bem referir este apelo em local e momento sentido por cada um como adequado (por exemplo, em homilia ou em publicidade estática à porta das suas paróquias) já que a grande maioria dos testemunhos até agora recebidos continuam a ser transmitidos por católicos”.
No último balanço, feito em 10 de julho, a equipa indicou que já tinham sido validados 352 inquéritos, tendo sido encaminhados para o Ministério Público 17 casos.
Entretanto, a Procuradoria-Geral da República confirmou a abertura de 10 inquéritos, dos quais um concentra seis das participações e outros dois inquéritos concentram duas participações cada. Entre esses dois inquéritos, um deles foi arquivado e outro continua em investigação.