Quando era mais novo, Filipe Curado andou por ali, espreitando pelas misteriosas entradas. Seriam celeiros, seriam cisternas? A investigação veio esclarecer que de cisternas se tratava aquele conjunto de três estruturas no Castelo de Leiria, tornadas visitáveis na mais recente campanha de obras do monumento. E também por isso o escultor de Leiria chamou “Gota de água” à primeira exposição pensada para aquele espaço, inaugurada no final da semana passada.
“‘Gota de água’ no sentido de limite, de quantidade pequena e preciosa”, explicou Filipe Curado, mas também “água enquanto elemento de vida – o principal elemento, se calhar”. E a partir de vida se constrói a narrativa das peças em mármore alentejano que pensou e criou para as três salas, “Vida”, “Anabiose” (regresso à vida) e “Morte”.
“Este é um espaço arcaico e com uma certa mística, parece uma gruta, uma cripta, e a ideia foi logo clara: lembrei-me instantaneamente desta ideia”, explicou na inauguração.
“Gota de vida” fica patente até 12 de outubro e marca a estreia das Cisternas do Castelo de Leiria como espaço expositivo regular. “Com este projeto, este torna-se um espaço de exposição de arte”, sublinhou na cerimónia o presidente da Câmara de Leiria.
Para Gonçalo Lopes, a exposição de Filipe Curado será “a primeira de muitas que poderão acontecer neste espaço, que tem esta identidade, esta história, este ambiente de penumbra”, ideal para receber intervenções diferentes.