O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, adiantou este domingo que, a partir da experiência de avaliação desenvolvida desde 2017, quando ocorreram os incêndios de Pedrógão Grande (junho) e em várias zonas da região Centro (outubro), vai ser constituída “uma equipa de avaliação regular e permanente, composta por todas as entidades envolvidas no dispositivo nacional e pelos centros de investigação e de conhecimento, em articulação com o Ministério da Ciência e do Ensino Superior”.
José Luís Carneiro disse ainda que a avaliação aos maiores fogos do ano avança assim que o incêndio na serra da Estrela estiver extinto.
“A senhora secretária de Estado da Proteção Civil tem o despacho preparado para, mal seja dado como extinto o incêndio da serra da Estrela, se proceder à avaliação das causas estruturais e do método de combate aos maiores incêndios deste ano”, afirmou na sessão comemorativa do Dia do Município da Batalha.
Segundo o governante, esta avaliação será feita “não como algo que seja novo, mas como o desenvolvimento de uma prática que foi adotada desde 2017 e que tem vindo a ser desenvolvida por iniciativa da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e da própria AGIF [Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais], que tem a responsabilidade de supervisão destas matérias”.
Por outro lado, assegurou que “durante o outono e o inverno”, após se passar esta fase difícil, está a ser trabalhada a realização de um fórum europeu para partilhar boas práticas de adaptação às alterações climáticas, com efeito na prevenção e no combate aos incêndios rurais.
Salientando que estas decisões, com “contornos que têm vindo a ser maturados ao longo dos últimos meses, devem ser vistas como o desenvolvimento e como aprofundamento de uma cultura de aprendizagem contínua, que deve ser regular e que deve ser sistemática”, José Luís Carneiro acrescentou: “Ninguém sabe tudo e estamos sempre todos a aprender se tivermos mente e espírito abertos para aceitar a experiência como fonte de conhecimento”.
Antes, alertou para as previsões meteorológicas, segundo as quais “as condições propícias à propagação dos incêndios vão continuar”, pedindo a todos “comportamentos de grande responsabilidade”.
“Não significa isto colocar a responsabilidade na sociedade e abdicar da responsabilidade do Estado. Significa que temos todos de compreender que esta é mesmo uma responsabilidade conjunta de todos nós”, prosseguiu.
Assinalando que “todos os especialistas reconhecem que desde 2017 houve uma evolução muito significativa em três dimensões”, o ministro precisou que se prendem com o “conhecimento sobre os incêndios e no estudo que tem vindo a ser feito sobre esse conhecimento”, bem como com uma evolução “na coordenação e na cooperação entre todos os atores do sistema”.
A estes aspetos somam-se avanços nos recursos tecnológicos, humanos e financeiros, declarou, destacando que “a prova está nos resultados”.
“Mais de 90 por cento dos incêndios em 2022 são dominados até aos 90 minutos, o que significa eficácia na resposta. Cerca de 90 por cento dos incêndios ardem até cerca de um hectare de área”, assinalou, reconhecendo que “ainda falta 10 por cento dos incêndios que se transformam em grandes incêndios”.
Para o ministro da Administração Interna, “é aí que é preciso trabalhar, desenvolver conhecimento” e aperfeiçoar metodologias.