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Cultura

Luiz Martins prepara “Quase uma vida” ao vivo no Banco das Artes Galeria

O artista plástico brasileiro desenvolve, de porta aberta, a próxima grande exposição para a galeria de Leiria. Um trablaho que traz para primeiro plano símbolos rupestres e a memória dos grandes conflitos mundiais. Até 2 de setembro, é possível o público acompanhar a preparação de “Quase uma vida”.

Até 2 de setembro é possível acompanhar ao vivo o trabalho de Luiz Martins no antigo Banco de Portugal

Quem passou pelo antigo Banco de Portugal nas últimas semanas provavelmente já reparou em Luiz Martins, que trabalha no pátio, de portas abertas. Ali, prepara a próxima grande exposição do Banco das Artes Galeria (BAG), “Quase uma vida”.

Depois da Áustria, Lituânia, Japão, Polónia, Brasil ou, em Portugal, o Museu de História Natural e Ciências, é em Leiria que o artista plástico brasileiro vai expor, a partir de 18 de setembro. Até dia 2 do próximo mês é possível entrar no pátio (das 14h30 às 17 horas), acompanhar os trabalhos e conversar com Luiz.

“É a primeira vez que faço isto”, conta o artista que, apesar da timidez revelada pelos portugueses que passam à sua porta, tem apreciado a interação, um exercício que enriquece o trabalho em curso: “Estar aqui em contacto com outra cultura me faz ver novas possibilidades, novos caminhos”, sublinha.

“Estou aqui há um mês e tem sido muito giro. É uma experiência nova, preparar uma exposição tendo o público como espectador antes da abertura”. Alguns entram, muitos olham, poucos perguntam. Mas “existe um diálogo de construção e o meu trabalho gira em torno disso, de questões do ser humano, do homem, e todos os seus aspetos enquanto ser humano”, explica.

Tudo começou em 2019: Luiz Martins interveio no #Project Room do BAG com “O tempo que resta” e foi convidado para desenvolver uma exposição maior. Aceitou, mas a pandemia obrigou a protelar o projeto até agora.

Nesta reta final até à conclusão da exposição, o artista admite estar “extremamente ansioso e nervoso” com o aproximar da inauguração do projeto, que reúne três séries do seu trabalho, a apresentar nos vários espaços do BAG, com uma performance do próprio e de Inesa Markava no dia da abertura.

Para “Quase uma vida”, Luiz Martins trabalha símbolos primitivos rupestres brasileiros – recolhidos em sítios arqueológicos como a Pedra do Hingá, em Paraíba, ou São Raimundo Nonato, no Piauí -, sobrepondo-os a páginas de jornais ou dicionários.

“Estou trabalhando questões relacionadas com a intolerância – intolerância racial, intolerância religiosa, com abordagem a partir das grandes guerras”. É o eixo central da abordagem da exposição que contará com 40 composições, mais de uma centena de obras de pintura, escultura e desenho.

Com curadoria de Maria de Fátima Lambert, “Quase uma vida” será um convite ao pensamento e à pesquisa do público:

“Claro que seria audácia da minha parte pensar que eu estaria mudando o pensamento. Mas acredito que ao ter contacto com o meu trabalho, ele [o visitante] possa ter uma certa curiosidade de ir para casa e pesquisar, não só sobre a questão da arte primitiva, do homem primitivo, mas quanto às questões ligadas à contemporaneidade, como a guerra e o conflito”, nota o artista, esperando que o seu trabalho “leve um pouco essa consciência e faça pensar”.

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