Depois de uma pausa em agosto, o Teatro Municipal de Ourém (TMO) regressa em setembro com mais um lote de propostas diversificadas, que incluem música clássica, dança urbana, fado de Gisela João, nova música portuguesa e, fora de portas, um mini-festival inspirado nos fins de tarde deste verão que se despede.
E comecemos por aí: em julho, o TMO ensaiou com sucesso espetáculos ao por-do-sol no Castelo de Ourém; agora concentra a fórmula em três dias, disseminando-a por vários espaços da vila medieval.
“Vamos abrir a temporada com os fins de tarde, juntando um conjunto de artistas portugueses, que são referência, em vários espaços”, explica o diretor do TMO, João Aidos.
A programação Fins de Tarde na Vila Medieval começa às 18 horas de 9 de setembro, com concerto dos Whales no Anfiteatro dos Torreões. Uma hora depois, Labaq atua nas Escadinhas da Sociedade Filarmónica.
Dia 10 de setembro, O Gajo dá música ao Auditório do Paço dos Condes às 17 horas, enquanto às 18 horas Valter Lobo toca no Anfiteatro dos Torreões. A fechar o dia, outro guitarrista, Homem em Catarse, apresenta-se nas Escadinhas da Sociedade Filarmónica, às 19 horas.
O terceiro dos dia dos Fins de Tarde, 11 de setembro, inclui Filipe Furtado no Auditódio do Paço dos Condes (17 horas), Birds Are Indie no Anfiteatro dos Torreões (18 horas) e, a encerrar o mini-festival, o acordeonista João Barradas na Praça do Pelourinho (19 horas).
A intenção do mini-festival é atrair o público jovem a diferentes espaços, “convidando as pessoas a descobrirem o património de outra forma”, ao som desta seleção de artistas originários de vários pontos da região centro, em torno de Ourém, além de alguns nomes nacionais.
“Tentámos procurar artistas, a maior parte individuais, em algumas estruturas locais ou próximas, como é o caso de Leiria, de onde vêm alguns músicos ligados ao espaço Serra, um projeto de referência com quem vamos colaborar, mesmo até em coproduções a curto e médio prazo”, explicou João Aidos.
Fins de Tarde na Vila Medieval antecipa ainda o regresso do Festival de Setembro, que animou a zona antiga de Ourém há um par de anos e que, após uma interrupção, regressará em 2023, dedicado aos migrantes.
O mini-festival coincide ainda com o fim da exposição RGB e simboliza “o fechar das férias”, nota o diretor. O acesso a todos os concertos é gratuito.
Ainda antes dos Fins de Tarde na Vila Medieval, o TMO recebe já este domingo a Orquestra Ensemble, que junta vários jovens músicos de formação clássica, e que este ano estagiou no Conservatório de Música de Arte do Centro, em Fátima (dia 4, 16 horas, entrada livre).
Num registo completamente diferente, o TMO programou para os dias 16 e 17 de setembro um workshop e um espetáculo de dança urbana com o Grupo Impacto, que chega de Minas Gerais, Brasil, para apresentar “Três gritos” e partilhar o que sabe com bailarinos de Ourém.
A presença na região acontece no âmbito de uma parceria entre o TMO e outras estruturas nacionais, e visa envolver as estruturas locais ligadas à dança. “Nesta área da dança urbana é a primeira que vamos fazer. É um área totalmente nova por aqui, porque em Ourém trabalha-se mais dança clássica”, lembra João Aidos.
Para este primeiro contacto foi convidada uma companhia que o diretor do TMO descreve como “muitíssimo boa”, acreditando que o público “vai ficar surpreendido” com o resultado. “Três gritos” representa três momentos, o antes, o durante e o depois, e com eles “o grito para iniciar; o grito para permanecer; e o grupo para finalizar”, explica o grupo brasileiro. “Em ‘Três gritos’ a realidade humana explosiva e contida é apresentada como fusão dos movimentos da dança e a forca peculiar do Impacto”, resumem (dia 17, 21h30, 7,5 euros).
Depois, chega a Ourém Gisela João. O fado é um caminho em que o TMO quer apostar, avança o responsável, e a cantora surge nessa linha. Mas não só: “Ela tem um projeto especial que tem a ver com ela própria sair fora da ‘caixa’ do fado e experientar outro tipo de coisas”.
Num “ponto muito alto da carreira”, Gisela João é esperada com expetativa em Ourém (dia 24, 21h30, 10 euros).
A fechar o mês, há mais um momento do Ciclo Albardeira no TMO, com concertos de Gala Drop e Paulo Rafael. É o fechar do primeiro ano de uma parceria que “teve um impacto incrível”, realça João Aidos.
O diretor frisa “o grande exemplo” da associação Albardeira, que “muito rapidamente” ganhou sustentabilidade e se lançou a fazer projetos:
“Foi um bocadinho como o espaço Serra: criaram uma associação e têm muito trabalho na área do teatro e da música, que é a grande ‘praia’ deles – como a Bia Maria e outros que até tocaram no festival Bons Sons -, e outros ainda dedicam-se à video-arte e até concorreram às Curtas de Vila do Conde. É uma estrutura que já anda por si só”.
O TMO, recorda Aidos, “só deu um impulso” à Albardeira, o necessário para dar regularidade, “permitir dois ou três projetos, para a estrutura ganhar base e algum lastro”.
“Já foram a outros teatros, criaram outras sinergias, convidaram outros jovens a associarem-se, na área do teatro e da arte contemporânea. Isto é fantástico e um excelente serviço público, porque estamos a facilitar o lançamento de novos empreendedores na área da cultura e isso é muito importante. Já é falado em vários sítios como um exemplo de boas práticas a nível nacional”, sublinha.
Para o próximo ano, antecipa Aidos, Albardeira e o TMO desenvolvem já novos projetos, como as coproduções que envolvem a pianista Joana Gama e Luís Fernandes, diretor do Semibreve – Festival de Música Electrónica e Arte Digital: “São pessoas que são referencia para os elementos da associação e que vão fazer trabalho com eles. É para isso que um teatro também serve, para possibilitar essas oportunidades”.
Com assinatura Albardeira, Gala Drop e Paulo Rafael vão atuar na caixa de palco do TMO (dia 29, 21h30, 5 euros).
Levantando um pouco o véu à programação de outubro, João Aidos antecipa que a comemoração do Dia Mundial da Música em Ourém levará ao TMO, a 1 de outubro, o espetáculo especial que cruza música e malabares. “Vai ser um divertidíssimo, num diálogo incrível entre malabarismo e boa música. Um espetáculo imperdível, que as pessoas não vão esquecer”, promete.