Ontem, domingo, a população residente na Guia, Ilha e Mata Mourisca foi às urnas votar a favor ou contra uma eventual reorganização administrativa da União de Freguesias (UF). No final do dia, venceu o “sim”.
Segundo dados divulgados pela UF de Guia, Ilha e Mata Mourisca, num total de 5.642 eleitores inscritos, votaram 1.722, e em todas as ex-freguesias a maioria da população quer a desagregação – 1.288 pessoas colocaram a cruz no “sim”.
No caso concreto da Guia, estavam inscritos 2.414 eleitores, dos quais 624 estão a favor da desagregação e 97 votaram contra.
Na Ilha, o cenário repete-se, com 451 pessoas a assinalar o “sim” e 145 a oporem-se à saída da localidade da UF. Estavam inscritos 1.587 eleitores.
Por fim, na Mata Mourisca, num total de 1.641 inscritos, 213 concordam com a desagregação e 175 estão contra.
O resultado vai ao encontro das movimentações dos últimos meses nestes territórios do concelho de Pombal, com grupos de cidadãos a manifestarem-se a favor de uma eventual reorganização administrativa da UF.
É exemplo o movimento “Freguesia da Guia? Sim, agora é possível!”, que estava confiante que a maioria dos residentes da Guia e da Ilha votariam a favor. Só na Mata Mourisca persistia a dúvida, mas logo se dissipou.
Em declarações ao REGIÃO DE LEIRIA, o movimento considera que, no caso concreto da Guia, “cedo se percebeu que o modelo da união de freguesias não lhe dava oportunidade de continuar a evoluir favoravelmente como acontecera nos anos em que foi freguesia”.
Na lista detalhada dos resultados, “salta” ainda à vista o valor da abstenção, que no total das três localidades se fixou nos 69,48%.
O movimento de cidadãos da Guia confessa que o dado “não surpreendeu” e aponta três razões: “O processo de desagregação foi iniciado e tornado público demasiado tarde”, o regresso das festas e encontros sociais do verão, numa fase pós-pandemia, deixou “muito pouco tempo para o debate e a discussão do tema” e a “fraca divulgação” de informação à população por parte da junta de freguesia.
Sobre esta última, o movimento considera que “não acontece por acaso, pois quem está no poder é o grande interessado em manter a agregação das freguesias”.
Para o grupo, a abstenção revela ainda “a reduzida participação da população em atos eleitorais, que se tem vindo a acentuar, e que traduz o desinteresse e alheamento geral de parte considerável da população pela política e vida pública”.
Por outro lado, o presidente da União de Freguesias, Gonçalo Ramos, mostra-se surpreendido com o número de pessoas que optaram por não votar.
“Em função daquele que foi o alarido todo que houve em 2013 [ano em que foi publicada a Lei da reorganização administrativa do território das freguesias], com enormes movimentações de descontentamento em todo o lado, pessoalmente, esperava uma maior participação” disse ao nosso jornal, sublinhando que a análise mais pormenorizada dos dados cabe a outros órgãos autárquicos.
Ainda assim, faz um balanço positivo desta auscultação pública, “na medida em que se cumpriu uma promessa eleitoral”.
Os resultados desta votação, que não é vinculativa, serão agora analisados pela comissão eleita pela Assembleia de Freguesia (AF) e apresentados à AF. Haverá, posteriormente, uma deliberação em AF, que seguirá depois para a Assembleia Municipal (AM).
No sábado, dia 17, a estrutura concelhia do PSD garantiu que respeitará a opinião dos residentes: “Quando o processo for levado a votação nos respetivos órgãos, irá ser feita em consonância com aquela que for a vontade expressa pela população”.
A deliberação final e oficial acontecerá, mais tarde, em Assembleia da República.
(notícia atualizada às 15 horas de 21 de setembro de 2022 com declarações do movimento “Freguesia da Guia? Sim, agora é possível!” e do presidente da União de Freguesias)
