Sónia Silva, médica pneumologista e coordenadora da Pneumologia Oncológica do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), integra a equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) que testou pela primeira vez em Portugal uma técnica inovadora para a orientação do tratamento no cancro do pulmão.
Segundo informação da UC, a Imuno-PET tem “potencial para integrar os exames de estadiamento no cancro do pulmão ao permitir identificar a terapêutica potencialmente mais adequada para cada doente”, estando já a ser utilizada em doentes com diagnóstico de cancro do pulmão de não pequenas células (o mais prevalente) de Coimbra e Leiria, como parte de um estudo clínico a decorrer no Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS).
O estudo decorre no âmbito do projeto de doutoramento que Sónia Silva está a desenvolver sob orientação de Antero Abrunhosa, diretor do ICNAS, e de Carlos Robalo Cordeiro, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
Segundo a especialista, a agressividade do cancro do pulmão, considerada a principal causa de morte por cancro em Portugal, “está muito relacionada com o facto de os doentes já chegarem com tumores em estados avançados, porque os estádios precoces, que são os operáveis, muitas vezes não dão sintomas”. Nestes casos avançados, “a doença já não está apenas nos pulmões, mas em vários órgãos, o que corresponde ao estádio IV”, refere, citada numa nota de imprensa da UC.
Nos últimos 15 anos, contudo, “tem havido uma forte aposta nas terapêuticas para o cancro do pulmão, que visam contribuir para a melhoria da qualidade e da sobrevida dos doentes, continuando a ser fundamental reforçar a aposta nesta área da medicina”, acrescenta.
Ainda segundo Sónia Silva, a Imuno-PET pode vir a permitir “selecionar melhor os doentes no futuro para o tratamento mais indicado” e “impedir que se possa perder tempo, ou até mesmo o doente, com terapêuticas que não resultarão em resposta e controlo da doença”.
A utilização desta técnica permite por outro lado fazer uma avaliação de corpo inteiro do doente, sinalizando as zonas que estão afetadas pelo cancro e prevendo a resposta de doentes ao tratamento de imunoterapia, uma das terapêuticas mais promissoras utilizadas em doentes com cancro de pulmão em estádio avançado, adianta ainda a UC.