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Marinha Grande

Movimento que se opõe à mudança do monumento ao 18 de Janeiro anuncia apoio do filho do autor

Estão em curso trabalhos no sentido de vir a instalar a estátua num largo em forma de meia-lua, na berma da rotunda onde o monumento esteve instalado desde a sua inauguração

Autarquia pretende mudar o lugar do monumento e trabalhos já estão em curso Foto de arquivo: Joaquim Dâmaso

O Movimento Cívico que reclama a manutenção do monumento evocativo do 18 de janeiro de 1934 no centro da rotunda da praceta do vidreiro, na Marinha Grande, garantiu hoje em conferência de imprensa que o filho de Joaquim Correia, escultor autor do monumento, é favorável à manutenção da estátua no local.

Atualmente, estão em curso trabalhos no sentido de vir a instalar a estátua do vidreiro num largo em forma de meia-lua, na berma da rotunda onde o monumento esteve instalado desde a sua inauguração.

Luís Guerra Marques, deputado municipal da CDU e ex-presidente da Assembleia Municipal da Marinha Grande, um dos rostos do movimento, assegurou que João Correia, filho do autor da estátua, lhe transmitiu, na última terça-feira, a intenção de integrar o movimento.

Da autoria do escultor marinhense Joaquim Correia, este monumento situa-se na rotunda do vidreiro e foi inaugurado no 50º aniversário da revolta. Nascido na Marinha Grande, em 1920, Joaquim Correia faleceu em 2013.

A estátua, que homenageia a revolta operária de 18 de janeiro de 1934, foi retirada do local para trabalhos de beneficiação e, de acordo com a decisão da maioria na Câmara da Marinha Grande, liderada pelo movimento +MPM, deverá regressar para a lateral da rotunda.

O executivo municipal chegou mesmo a justificar a decisão, argumentando que o autor teria manifestado, à família, preferência por essa solução. 

O arquiteto João Correia, filho do autor do monumento, “foi peremptório em dizer que não só a família não manifestou nenhum interesse que o monumento fosse deslocado, como ele próprio não se manifesta favoravelmente a isso”, contrapôs, por sua vez, Luís Guerra Marques, referindo-se ao conteúdo da conversa que adianta ter mantido com o filho do autor.

Em conferência de imprensa, o movimento cívico referiu que a decisão de deslocalização do monumento ainda pode e deve ser alterada. “Todas as decisões podem ser revertidas, vamos sempre a tempo de reverter”, referiu Luís Guerra Marques.

Aires Rodrigues, antigo candidato à Presidência da República e deputado na Assembleia Constituinte, considerou mesmo que a decisão de deslocalizar o monumento tem motivações políticas. “Há uma razão política”, afirmou. “É a identidade de luta da Marinha Grande que está em causa com esta decisão”, reforçou.

Representantes do movimento já reuniram com o presidente da Câmara da Marinha Grande, Aurélio Ferreira. Luís Guerra Marques revelou que o líder do executivo “não se mostrou indisponível para a discussão”. 

Etelvina Rosa, líder do Sindicato dos Trabalhadores da Industria Vidreira, notou, no entanto, que o autarca disse pretender inaugurar as obras em curso a tempo do próximo dia 18 de janeiro.

O Movimento, que considera que a retirada do monumento para a zona lateral, secundariza a relevância do espírito de luta que caracteriza o concelho, reclama que, em alternativa, na zona lateral seja instalado “um centro interpretativo do monumento e a colocação de uma estátua que evoque o vidreiro”.

Aliás, no processo de colocação de uma segunda estátua, desta feita na meia-lua, o Movimento Cívico assegura já ter recebido a indicação da disponibilidade de João Correia em auxiliar nessa tarefa.

“Desta forma não será desperdiçado dinheiro público”, apontou a dirigente sindical. Etelvina Rosa defende que se aguarde que o executivo reaprecie a questão, admitindo que possa ser convocada a população para se opor à mudança, caso o diálogo com a autarquia se revele infrutífero.

O REGIÃO DE LEIRIA já solicitou um comentário à Câmara da Marinha Grande sobre esta matéria.

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