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Leiria

Presidente da CEP recorda papa que “vai ficar sempre na história da Igreja”

“Bento XVI fica na história da Igreja, nomeadamente pelo grande passo quando assumiu que já não estava em condições de governar a Igreja”, considerou José Ornelas

foto de josé ornelas sentado durante uma conferência de imprensa
Joaquim Dâmaso

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, considerou que o papa emérito Bento XVI, que morreu hoje aos 95 anos, “vai ficar sempre na história da Igreja”, em particular pela renúncia ao pontificado.

“Bento XVI fica na história da Igreja, nomeadamente pelo grande passo quando assumiu que já não estava em condições de governar a Igreja”, considerou José Ornelas, conforme escreve a agência Ecclesia.

O papa emérito Bento XVI morreu hoje aos 95 anos, anunciou o Vaticano.

Joseph Ratzinger nasceu em 1927 e foi Papa entre 2005 e 2013, quando abdicou e passou a ser emérito da diocese de Roma.

Bento XVI abdicou do pontificado aos 85 anos de idade.

Para José Ornelas essa decisão resultou de uma “visão realista”, que veio de um Papa com “solidez teológica”.

“A sua interpretação deste passo fica, sem dúvida, como um legado para a história da Igreja”, acrescentou o presidente a CEP.

Ornelas recorda um papa que fez “uma transição muito importante”, da reflexão teórica, a partir da sua “solidez teológica”, para uma “visão pastoral”.

Segundo o presidente da CEP, Bento XVI, que sucedeu a São João Paulo II, procurou novas linguagens de “compreensão e comunicação da Igreja, na sua diversidade, e que deu passos no diálogo ecuménico”.

“É um homem que, na sua biografia, conta com uma posição fundamental, sobretudo nos campos da racionalidade, da relação entre razão e fé. É um papa que me habituei a ler como indicador da teologia do Vaticano II, na sua seriedade e fundamentação, no horizonte da fé para o homem moderno”, observou o presidente da CEP.

O também bispo da Diocese de Leiria-Fátima recordou, ainda, a ligação de Bento XVI à Cova da Iria, que visitou em maio de 2010, e, em particular, à interpretação do chamado Segredo de Fátima, cuja terceira parte foi divulgada em 2000, com um comentário teológico do então cardeal Joseph Ratzinger.

Para José Ornelas, Bento XVI promoveu uma “reinterpretação atualizada da Mensagem de Fátima, na linha do que o Santuário nacional fez ao longo de decénios, favorecendo o diálogo entre a tradição e o mundo contemporâneo”, lê-se na publicação da Ecclesia.

A mesma publicação termina com uma frase proferida por Bento XVI, em 13 de maio de 2010, na homilia da missa a que presidiu na Cova da Iria, em Fátima: “Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída”.

O papa emérito Bento XVI, que morreu hoje com 95 anos, abalou a Igreja ao resignar do pontificado por motivos de saúde, a 11 de fevereiro de 2013, a dois meses de comemorar oito anos no cargo.

Joseph Ratzinger nasceu em 1927 em Marktl am Inn, na diocese alemã de Passau, e foi Papa entre 2005 e 2013.

Ratzinger tornou-se no primeiro alemão a chefiar a Igreja Católica em muitos séculos e um representante da linha mais dogmática da Igreja.

Os abusos sexuais a menores por padres e o “Vatileaks”, caso em que se revelaram documentos confidenciais do papa, foram casos que agitaram o seu pontificado.

Bento XVI ordenou uma inspeção às dioceses envolvidas, classificou os abusos como um “crime hediondo” e pediu desculpa às vítimas.

Durante a viagem a Portugal, em maio de 2010, Bento XVI disse que “o perdão não substitui a justiça”.

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