Várias dezenas de professores manifestaram-se na manhã desta quinta-feira, junto à escola sede do Agrupamento de Escolas da Batalha, reclamando maior valorização e dignificação da profissão docente.
Com cartazes que reclamavam respeito, dignidade, justiça e estabilidade, os professores contaram ainda com a solidariedade de alguns alunos que se associaram, espontaneamente, ao protesto.
Foi o caso de Inês Jordão, aluna do 11º ano, que fez questão de sublinhar: “estamos aqui como alunos, porque estamos a lutar com os professores que nos estão a dar uma lição de vida: devemos lutar pelo que queremos”.
“São muitas as parangonas que vêm nos jornais que referem que os professores são vistos pela sociedade como alguém que até tem muitas férias e ganha imensamente bem. A realidade hoje é muito diferente”, explica Sandra Ferreira, docente de Físico-química na escola sede do agrupamento e uma das participantes na manifestação.
As deficiências do regime de avaliação de professores sujeito a quotas, a longa pausa na progressão na carreira, a precariedade, o acumular de tarefas burocráticas em prejuízo da atividade letiva, são apenas algumas das razões que espoletaram a ação desta manhã, explicou a docente.
Mas os motivos de descontentamento não se ficam por aqui: “o trabalho que neste momento é atribuído a um professor, retira-nos tempo de qualidade. Apesar disso conseguimos com sangue, suor e lágrimas, porque amamos o que fazemos”.
Sandra Ferreira lamentou ainda que os mais altos responsáveis governamentais na área da educação “se esqueceram qual o seu papel na escola e qual é, verdadeiramente, a sua função”.
“Queremos que o senhor ministro da Educação perceba o que é o dia-a-dia numa escola”, reforça.
A manifestação desta manhã aconteceu na escola sede do único agrupamento de escolas de um concelho que, há seis anos, integrou um projeto-piloto de delegação de competências na educação.
Sandra Ferreira não aponta diretamente o dedo a este processo: “não tenho nada contra o envolvimento da autarquia”, todavia, “não entendemos é qual o efeito desta municipalização”.
A manifestação que, aponta a docente, congregou aproximadamente metade dos professores com atividade letiva esta manhã, não está dependente de nenhuma estrutura sindical. Explica ainda que este grupo de professores optou por realizar a manifestação, em vez de enveredar pela greve por tempo indeterminado, recentemente convocada pelo sindicato STOP.
A realização de novas ações é uma perspetiva que esta professora na Batalha admite que venha a acontecer no futuro.
É necessária uma verdadeira aposta na valorização da educação e dos professores, caso contrário “Portugal não vai ter nada nem ninguém [interessado em lecionar] e vamos ser ultrapassados pela Europa”, sublinhou ainda.