De janelas fechadas e sem moradores, assim permanece o lote n.º 20 da rua de São Miguel, no centro de Leiria, após o deslizamento de terras que, na madrugada do passado dia 26 de dezembro, levou à evacuação do prédio.
Contrariamente ao que chegou a ser avançado, o vereador com o pelouro da Proteção Civil confirmou hoje ao REGIÃO DE LEIRIA que os moradores não chegaram a regressar a casa. Luís Lopes adiantou que foi pedido ao Politécnico de Leiria para analisar o talude [superfície de terreno com forte declive] juntamente com os técnicos do município. Na sequência dessa vistoria, “o entendimento quer dos técnicos do município quer do engenheiro do Politécnico é que, até que sejam feitas intervenções no talude e se garanta a estabilidade, os moradores não devem ocupar o edifício”, esclareceu.
Dessa decisão foram ontem notificados os moradores através da empresa de condomínio, estando apenas autorizados a entrar no edifício “em situações muito pontuais”, explicou o vereador, nomeadamente ir buscar roupa.
Questionado sobre uma data possível para o regresso dos moradores às suas casas, Luís Lopes afirmou não ter qualquer previsão, podendo ser “de 15 dias, seis meses ou um ano”, indicou.
“O que está em causa neste momento é que temos de fazer um estudo geotécnico para perceber primeiro qual é o estado do talude, o que é que efetivamente, para além daquilo que está a olho nu, ainda é necessário aferir relativamente à sua estabilidade e depois que medidas é que vai ser necessário implementar”, referiu.
O risco de instabilidade pode, no entanto, não afetar apenas o lote n.º 20. “Está em causa todo aquele talude que tem muitos mais edifícios adjacentes”, indicou o responsável, acrescentando que a intervenção numa parte poderá causar instabilidade no resto do talude. “O que ontem foi dado a conhecer ao condomínio é que também os proprietários confinantes vão ser notificados para proceder às alterações de estabilização do talude, mas para isso é necessário fazer um estudo geotécnico.
Esse estudo, adiantou o vereador, vai ser feito durante a próxima semana e só depois haverá uma ideia mais clara da intervenção que terá de ser feita e o tempo que vai demorar.
Interrogado sobre o que falhou neste caso, permitindo que uma construção recente tivesse sido feita naquele local, Luís Lopes afirma que “interessa perceber se efetivamente houve alguma falha e também isso será determinado através do próprio estudo, ou seja se foi ou não intervencionado o talude em zonas onde não devia ter sido mexido”.
Assegura que “apurar responsabilidades não está fora de questão”, mas reforça a ideia de que a prioridade é agora estabilizar o talude e garantir o regresso das pessoas a casa.
“Não queremos que aquelas pessoas vivam constantemente num sobressalto sobre se aquilo vai cair hoje, amanhã ou daqui a uma semana. Queremos que eles regressem com a certeza de que é seguro viver naquele espaço e que tudo o que podia ter sido feito foi feito, essa é a nossa principal preocupação”, referiu. E lembrou o episódio recente da morte de um casal no norte do país: “Nenhum de nós quer ter uma situação semelhante aqui em Leiria”.