A dado passo da nova Rota d’O Crime do Padre Amaro, o próprio Amaro é avisado que vai acontecer a cerimónia de posse do novo administrador do concelho de Leiria. E quem é ele? Eça de Queiroz, precisamente o autor do romance homónimo que inspira a nova proposta teatral que estreou domingo, 29 de janeiro.
Nesta produção do grupo “O Gato”, pensada e dirigida por Fernando José Rodrigues, a história da passagem do escritor por Leiria – como administrador do concelho, entre 1870 e 71 – cruza-se com a do romance que o próprio escreveu, inspirado na Leiria daquele tempo.
Fernando José Rodrigues deu vida à primeira Rota d’O Crime, em 2010, a partir dos quadros de Sílvia Patrício. Agora, quando o município de Leiria o convidou para nova versão, decidiu fazer algo “completamente diferente”.
Pegou numa peça que tinha escrito e adaptou-a num par de dias. Em duas semanas, o seu grupo de teatro, “O Gato”, preparou-se em tempo recorde, com dois ensaios sob frio de rachar. “Trabalhámos no fio da navalha. É um grupo excecional, de atores dedicados, com espírito de arregaçar as mangas”.
O resultado “é uma viagem entre a obra ficcionada e homónima, de Eça de Queiroz, e a sua vida aqui”, conta o autor, diretor, encenador e também ator. Mas a viagem não é linear: “Não pensem que vão começar na página 1 e acabar na 100”.
Há um Gato pelas ruas de Leiria a tecer a história de Eça, Amaro e Amélia
Tem havido corrida aos bilhetes para assistir ao espetáculo de rua do grupo “O Gato”, onde a presença de Eça de Queiroz em Leiria e o romance do padre Amaro com Amélia se cruzam em espaços históricos da cidade. Até 26 de fevereiro há mais quatro apresentações agendadas, duas delas já esgotadas.