Segundo as previsões da Comissão Europeia, Portugal deverá ser ultrapassado pela Roménia, em 2024, no rendimento per capita. Como se chegou a este ponto?
É triste vermos que Portugal está a afastar-se da chamada convergência real com a União Europeia. Apesar de tudo, gosto de comparar o nosso país com a média europeia e, nesse sentido, crescemos bastante mais que a média europeia. No entanto, podemos considerar que os últimos 20 anos foram perdidos. Há aspetos que têm a ver com a situação internacional, mas isso afeta todos os países, sobretudo a crise de 2008 e a pandemia, mas as consequências desses acontecimentos na economia portuguesa têm a ver com a nossa ação. Portugal tem ficado para trás, por incapacidade do sistema político de poder responder aos desafios que a sociedade encontra. Basta pensarmos por que razões é que não recebemos grandes investimentos internacionais. Temos uma população que fala razoavelmente bem Inglês, que é hospitaleira, temos boas escolas e universidades, bons engenheiros e médicos. Todavia, o certo é que essa massa cinzenta emigra. E isso é um prejuízo gigantesco para o país. É bom estarmos integrados num mercado mais vasto e não tem problema nenhum que os portugueses possam ir para outros países da Europa, mas seria bom que também franceses e alemães viessem para Portugal trabalhar… O problema é que temos uma emigração muito qualificada, paga pelo Estado, e os benefícios desse capital humano são absorvidos por outros países.
Campos e Cunha: “Do ponto de vista económico, Portugal não é um país, é uma região da União Europeia”
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Antigo ministro das Finanças destaca o ecossistema do país favorável para a atração de investimento e aposta em I&D, mas reclama uma reforma urgente da administração pública.
