Treze transformistas de todo o país participam no sábado, dia 11, na quarta edição do Leiria Drag Festival, que pela primeira vez de realiza no principal palco de Leiria, o Teatro José Lúcio da Silva, cuja lotação está praticamente preenchida.
“Ainda temos cerca de 20 lugares. Está praticamente lotado o teatro. Superou as nossas expectativas em muito”, disse hoje à agência Lusa um dos organizadores do festival, Rafael Bento.
A sala, com capacidade para 700 pessoas, promete encher para ver a maior edição de sempre do festival criado em 2016, então num espaço noturno de Leiria, entretanto encerrado.
Nos últimos anos, o Leiria Drag Festival tem decorrido no único bar LGBTQIA+ do concelho de Leiria, o Glitz, que funciona na freguesia da Boa Vista.
“Este ano foi um grande salto”, reconheceu Rafael Bento sobre a passagem do festival para o Teatro José Lúcio da Silva, onde estará muito público que comprou bilhete “para ver o que é, mas que não sabem para o que vão”.
Há algum tempo que a equipa do Glitz queria realizar algo fora de portas.
“Que desse a mostrar que estamos cá, que estamos presentes. Leiria tem uma noite LGBT há imensos anos. Sempre tivemos transformismo e bares relacionados com isso e esta era nossa ideia: sair das nossas portas e da nossa zona de conforto. E, em Leiria, qual o melhor palco para fazer isso senão o Teatro José Lúcio da Silva?”.
De Leiria vão participar as drag queens Eva Brown, Debbie Bjorn, Giselle Brown e Cherry Flavor, a que se juntam outras artistas do Algarve, Lisboa ou Porto para, no sábado, subirem ao palco e demonstrarem diferentes versões e a complexidade da arte, numa noite que integra ainda cantores e músicos.
“Vai ser uma noite cheia de brilho e glamour. Muita emoção, música, dança, tudo o que se possa esperar de um bom espetáculo de transformismo, drag, vai lá estar”, antecipou o organizador.
O Leiria Drag Festival cresce num contexto em que “o transformismo em Portugal, nos últimos anos, tem regredido um pouco”, lamentou Rafael Bento.
“Apesar de não haver tanta visibilidade local, havia muito mais visibilidade a nível nacional: tínhamos programas de televisão onde eram chamados transformistas para atuar e esse tipo de coisas. Isso tem vindo a diminuir imenso”, contrastando com a maturidade de eventos locais, como a Gala Abraço, em Lisboa, ou a Gala Xis, no Algarve.
Mas se a nível nacional o movimento “regrediu um bocadinho”, o mesmo não acontece internacionalmente.
“Com os programas de televisão do RuPaul’s Drag Race, o transformismo e o drag estão a ter uma visibilidade imensa e cá em Portugal ainda não. Mas estamos a tentar dar a volta a isso”.
A aceitação da arte drag também conhece avanços e recuos e as reações ao festival demonstram-no, notou Rafael Bento.
“Basta irmos às redes sociais e publicações que têm saído sobre Leiria Drag Festival. Temos vários movimentos não sei se contra nós, se contra os ‘drags’ ou se contra a comunidade LGBT, mas também temos muitos apoiantes”.
Apesar disso, a reação a eventos como o de sábado “tem vindo a melhorar um bocadinho”.
“Mas não tenho muito a certeza do que vai acontecer depois do Leiria Drag Festival”, concluiu o elemento da organização.