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Teatro

Leirena estreia peça de intervenção ambiental “Caldeirada” em Góis

A nova produção da companhia de teatro de Leiria nasceu a partir de um fado de Amália para alertar sobre o impacto da humanidade nos oceanos.

O espetáculo explora o teatro físico, com música e desenho ao vivo Carlos Gomes

Dois atores, dois músicos, uma bailarina, um artista plástico e rolos de papel com 50 metros são a ‘receita” para “Caldeirada”, peça de intervenção ambiental que estreia no dia 19 de março em Góis, no distrito de Coimbra.

A ideia para o espetáculo ocorreu ao encenador Frédéric da Cruz Pires a partir de um fado de Amália Rodrigues.

“Surgiu numa viagem, em que estava a ouvir rádio e ouvi o fado ‘Caldeirada’”, contou o responsável do Leirena Teatro.

A letra conta a história de um grupo de peixes que se reúne, aproveitando estarem numa caldeirada, para discutir os efeitos da ação do homem nos oceanos. E inspirou a nova peça de teatro de intervenção pelo ambiente.

“A música é da década de 1970”, quando, já então, era preocupante “a forma como se tratam os oceanos”.

O fado de Amália deu o mote para a criação multidisciplinar do grupo de teatro de Leiria, com seis performers: dois intérpretes de guitarra portuguesa e guitarra clássica, uma bailarina e um artista plástico, “que desenha e faz os adereços ao vivo”.

“Estão todos na mesma área de jogo, com um objeto cénico – rolos de papel reciclado cartonado, em que cada rolo tem 50 metros lineares – em que envolvemos os atores, o corpo, a tinta, a música, instrumentos musicais e esse objeto cénico”, descreveu o encenador.

O objetivo é “viajar desde o fundo das profundezas do mar à costa, dentro de um barco, à rede de arrasto”.

“É um jogo, um diálogo entre estas várias formas, mas é um diálogo inusitado. Todas as situações são inusitadas, algumas até são ridículas”, imaginadas para “falar de um assunto grave, que é a forma como tratamos do oceano”.

O Leirena aborda “não só a ganância que existe em torno da economia do peixe e do mar, mas também a forma como a pesca é feita, desde a pesca do arrasto, que dizima tudo o que é peixe, do mais pequeno ao maior, e a própria flora”.

“Por isso mesmo, em palco, começa tudo arrumadinho, tudo muito bonito, como se estivéssemos no paraíso”.

Mas, no final, “tudo fica de facto uma grande caldeirada”. 

São 50 minutos de um “espetáculo muito físico”, que terá tradução em Língua Gestual Portuguesa, audiodescrição e folha de sala inclusiva, além da possibilidade de sessões de mediação para estudantes.

Depois de Góis, onde estreia na Casa da Cultura no dia 19 (entrada livre, mediante levantamento de bilhete no Posto de Turismo Municipal), “Caldeirada” segue para Viana do Castelo, onde o espetáculo é apresentado no Teatro Sá de Miranda, no dia 17 de maio.

“Caldeirada” é coproduzida pelo Leirena Teatro com os municípios de Góis e de Loulé, em parceria com Viana do Castelo, através da Câmara Municipal, Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental e o Centro de Mar.

A digressão prolonga-se até 2024, quando chega também a Loulé, no Algarve. Pelo caminho, estão confirmadas apresentações na Covilhã, Caminha e Vila Praia de Âncora.

“Este é um espetáculo para ser feito em espaços convencionais, como teatros, mas também em espaços não convencionais: na rua e até mesmo na praia. Uma pessoa pode estar a ter o prazer de apanhar um banho de sol e de repente está o espetáculo a acontecer”, antecipou Frédéric da Cruz Pires.

A apresentação do espetáculo em Leiria não está ainda prevista.

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