O projeto de estabilização das Arribas da Nazaré vai ficar disponível na internet e será explicado em sessão pública no dia 4 de abril, anunciou esta segunda-feira, dia 27, a Câmara Municipal, após uma reunião com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Em causa está a obra de estabilização das arribas da Nazaré, um investimento de quase 1,7 milhões de euros, que prevê intervenções na zona do Bico da Memória, um local emblemático ligado à lenda do Milagre da Nazaré.
Numa petição lançada em 16 de março, o Movimento Cívico Pela Defesa do Promontório contestou que o projeto não tenha sido apresentado à população e manifestou preocupação de que a obra possa pôr em risco aquele património “material e imaterial de imenso valor para os nazarenos”.
Face à polémica em torno no projeto, o presidente da câmara, Walter Chicharro (PS), reuniu-se ontem com a APA, que se comprometeu a participar “numa sessão pública de apresentação do projeto onde as pessoas poderão colocar todas as suas dúvidas”.
Ainda segundo o que o autarca adiantou na reunião do executivo camarário, a APA acedeu a outra solicitação do município, no sentido de “criar um página, na internet, onde todo o projeto passe a estar disponível para ser consultado por todos”.
Entre as críticas apontadas, o movimento de defesa do promontório destacava a alegada destruição de um muro secular e a construção de uma plataforma metálica no Bico da Memória.
Num esclarecimento escrito enviado à Lusa em 17 de março, a APA garantiu que a intervenção a realizar no Bico da Memória foi aprovada pela Direção-Geral do Património Cultural e respeita o enquadramento patrimonial e paisagístico do local.
Na reunião de câmara realizada ontem, o vereador do Ambiente, Orlando Rodrigues, apresentou uma cronologia do projeto que se arrasta há décadas, mas o vereador da CDU, João Delgado, contrapôs com outra versão do processo, que levou à adjudicação da obra em janeiro deste ano.
“Fizemos uma cronologia em que provámos que houve informações que não chegaram à população”, afirmou João Delgado, considerando que a “grande questão de fundo” são os esclarecimentos e a possibilidade de “discutir coletivamente soluções que possam impactar o menos possível aquela zona”.
A empreitada, com um prazo de conclusão de oito meses, decorre no Sítio da Nazaré, entre o ascensor e o Largo de Nossa Senhora da Nazaré, e na área superior ao túnel do ascensor.
A obra inclui a remoção de muros existentes e a criação de uma nova barreira com perfis metálicos, a limpeza de vegetação, a criação de um sistema de caleiras de pavimento para recolha de águas pluviais e a criação de uma plataforma suspensa no Bico da Memória.
Na zona superior ao ascensor, além da limpeza e da remoção de vegetação, serão feitos muros em alvenaria e será colocada uma rede metálica de proteção reforçada. Será também criada uma barreira dinâmica flexível para proteção do canal do ascensor e uma vala de escorrência de águas pluviais.