As Direções Regionais de Lisboa e de Leiria do PCP tomaram uma posição conjunta em que alertam para o perigo de novos atrasos na eletrificação da Linha do Oeste colocarem em risco a comparticipação comunitária ao projeto.
“É cada vez mais evidente que a modernização em curso da Linha do Oeste até às Caldas da Rainha, que deveria ter estado concluída em 2020, não estará pronta antes de dezembro de 2023”, consideraram as direções regionais de Lisboa (DORL) e de Leiria (DORLei), alertando que “as sucessivas derrapagens nos prazos colocam neste momento em risco o acesso a fundos comunitários, que garantem 39% deste investimento”.
No comunicado, as direções regionais lembram que “no início deste ano continuavam interrompidos os trabalhados de modernização do troço (Meleças/Torres Vedras)” e que se “avolumam as notícias de que o Governo se prepara para encerrar a Linha para acelerar as obras”.
No entanto, temem que a derrapagem possa ser “ainda maior” porque, segundo a Infraestruturas de Portugal (IP), a parte das telecomunicações, sinalização eletrónica e controlo de velocidade será alvo de um outro concurso público, “que nem sequer foi ainda lançado”.
Atrasos que, segundo o PCP, não impedem que o Plano Ferroviário Nacional (PFN) “traga novas promessas para o futuro da Linha do Oeste, incluindo o necessário início de um serviço ferroviário suburbano (na qualidade e quantidade da oferta) entre Lisboa e Caldas da Rainha”.
O partido manifestou ainda “estupefação pelo facto de, a propósito da ferrovia, estarem a ser anunciados investimentos do tipo ‘Metro-Bus’ para a ligação entre a Marinha Grande e Leiria, ou seja, ligações em autocarros a serem suportadas pelas autarquias, num itinerário com ferrovia, onde o que falta é a oferta de transporte ferroviário”.
Considerando que na região do Oeste não é cumprido o direito ao transporte público, “quer pelas insuficiências no plano da ferrovia, quer pela dependência de operadores rodoviários privados”, o PCP alerta para a urgência de “outra política de promoção do transporte público” , sustentando que “a não concretização de investimento produtivo – como é o caso da ferrovia – significa liquidar o futuro do país no médio prazo”.
Assim, as duas direções regionais reclamam a eletrificação e modernização da Linha do Oeste em toda a sua extensão, bem como a interligação deste eixo ferroviário com a Linha do Norte e com eixos de transporte rodoviário existentes ou a criar e a modernização e reforço do material circulante “para ampliação da oferta, na ligação a Lisboa, Coimbra, Figueira da Foz e estações e apeadeiros intermédios.
No comunicado, exigem ainda a concretização com caráter de urgência de intervenções “nas estações e no reforço da sua guarnição, nos apeadeiros, na retoma do processo de supressão passagens de nível”, entre outros melhoramentos “há muito reclamados pelos utentes, trabalhadores e populações”.
O PCP defende ainda a contratação de trabalhadores ferroviários e a valorização dos seus salários, carreiras e profissões e que se planeie a concretização da futura ligação da Linha do Oeste à Linha de Cintura por Loures.
O projeto de eletrificação e modernização da Linha do Oeste (Sintra/Figueira da Foz) está dividido em duas empreitadas, sendo a primeira de 61,7 milhões de euros no troço entre Mira Sintra-Meleças (Sintra) e Torres Vedras, no distrito de Lisboa.
A segunda, orçada em 40 milhões de euros, é entre Torres Vedras e Caldas da Rainha (distrito de Leiria) e está a decorrer.