O distrito de Leiria entrou numa situação de seca meteorológica durante o mês de abril. De acordo com o último boletim climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o distrito está mergulhado numa situação de seca, sendo que a metade sul está já num nível de seca moderada.
O mês de abril foi quente e extremamente seco, considera o IPMA. As temperaturas foram mais altas que o normal de tal forma que em, pelo menos, dois pontos do distrito foram batidos os recordes de temperatura para este mês.
Em finais de março, toda esta região estava classificada numa situação normal, mas a seca é agora denominador comum em todo o distrito. Por cá, o dia 17 foi o mais quente, com Leiria a atingir os 31.8 graus.
Quatro dias mais tarde, a 21 de abril, ocorreu o dia de maior precipitação. Nesse dia caíram, em Leiria, 14,9 dos 17 milímetros de precipitação registados em todo o mês. Tal como sucede atualmente, o ano passado, em abril, todo o distrito estava em situação de seca moderada. Ainda assim, a precipitação registada em Leiria foi, nesse mês, aproximadamente o triplo (45,8 milímetros) do valor registado o mês passado.
O passado mês de abril foi também caracterizado pelo quebrar de recordes de temperatura. A rede de estações do IPMA que registou novos máximos históricos em abril, inclui dois recordes no distrito: em Ansião e Cabo Carvoeiro (Peniche), com 31,7 e 28,6 graus, respetivamente.
Atualmente, a situação de seca meteorológica abrange 89% do território continental , 34% da qual em seca severa e extrema, segundo o IPMA.
Aliás, a situação de seca já tinha sido conhecida há cerca de três semanas, altura em que um boletim do IPMA revelou que a fraca precipitação e as altas temperaturas se traduziram numa situação de seca meteorológica no distrito de Leiria, cenário que não se verificava desde novembro, altura em que se interromperam 12 meses consecutivos de seca meteorológica.
Agora, o IPMA revela que em um mês, a área em seca em Portugal continental quase duplicou em relação a março, quando era de 48%. Em abril do ano passado, todo o território de Portugal continental já estava em situação de seca, a maior parte em seca moderada (87,2%).
O instituto classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”. De acordo com o IPMA, existem quatro tipos de seca: meteorológica, agrícola, hidrológica e socioeconómica.
Segundo o IPMA, a seca meteorológica decorre de “uma medida do desvio da precipitação em relação ao valor normal; caracteriza-se pela falta de água induzida pelo desequilíbrio entre a precipitação e a evaporação, a qual depende de outros elementos como a velocidade do vento, temperatura e humidade do ar, insolação”.
O IPMA refere ainda que a “definição de seca meteorológica deve ser considerada como dependente da região, uma vez que, as condições atmosféricas que resultam em deficiências de precipitação podem ser muito diferentes de região para região”.
Os dados do boletim indicam que no mês de abril, o total de precipitação (18,2 milímetros) foi muito inferior ao valor médio (23%), sendo o 3.º abril mais seco desde 1931. No que diz respeito à percentagem de água no solo, o instituto refere que houve uma diminuição muito significativa da percentagem em todo o território.
As regiões do Nordeste Transmontano, vale do Tejo, Baixo Alentejo e Algarve registaram valores de percentagem de água no solo inferiores a 10%. O IPMA adianta também no boletim que o mês de abril classificou-se como muito quente em relação à temperatura do ar e extremamente seco em relação à precipitação.
O mês de abril foi o 4.º abril mais quente desde 1931 (o mais quente foi em 1945), tendo sido registadas três ondas de calor no território continental, que afetaram as regiões do interior Norte e Centro, vale do Tejo, Alentejo e Sotavento Algarvio.