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Saúde

Maternidade das Caldas da Rainha encerra a 1 de junho para obras

Enquanto o bloco de partos do Centro Hospitalar do Oeste estiver encerrado, os serviços serão concentrados no Centro Hospitalar de Leiria.

Foto: Joaquim Dâmaso

Os blocos de partos dos hospitais das Caldas da Rainha e de Santa Maria (Lisboa) vão fechar para obras no verão e o plano até setembro prevê que 27 das 41 maternidades do país se mantenham em pleno funcionamento.

Segundo divulgou hoje a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), o Nascer em Segurança no SNS – Plano Sazonal Verão 2023, que está programado de junho até setembro, inclui 41 maternidades do país e prevê a ajuda de três unidades privadas na Região de Lisboa e Vale do Tejo.

Das 41 maternidades, 27 mantêm-se em pleno funcionamento, nove funcionarão com dias de encerramento agendados e em rotatividade com outras unidades e duas fecham mesmo para obras: Caldas da Rainha encerra a partir de 1 de junho e Santa Maria a 1 de agosto.

Enquanto o bloco de partos do Centro Hospitalar do Oeste (Caldas da Rainha) estiver encerrado – entre quatro e cinco meses – os serviços serão concentrados no Centro Hospitalar de Leiria, que foi reforçado com recursos humanos (médicos e enfermeiros) e equipamento e funcionará de forma ininterrupta sete dias por semana, sem períodos de contingência.

Assim, o Centro Hospitalar do Médio Tejo, E.P.E., que encerrava de forma rotativa aos fins de semana, volta a funcionar de forma ininterrupta sete dias por semana, “sem períodos de contingência, de forma a apoiar este processo”, esclarece a DE-SNS, acrescentando que o Hospital Distrital de Santarém mantém os encerramentos rotativos ao fim de semana que mantinha desde o final do ano passado.

Segundo a programação elaborada pela DE-SNS, no norte do país vão manter-se todos os 13 blocos de partos em funcionamento pleno no verão, o mesmo acontecendo aos sete existentes na região centro e aos três do Alentejo. No Algarve, dos dois blocos de parto incluídos, um funcionará em pleno (Faro) e outro (Portimão) com dias de encerramento agendados, fechando de 15 em 15 dias ao fim de semana.

A região de Lisboa e Vale do Tejo é a que merece maiores mudanças, com apenas três blocos de parto em pleno funcionamento entre 1 de junho e final de setembro (Abrantes, Cascais e Maternidade Alfredo da Costa).

A programação feita pela DE-SNS prevê que oito unidades funcionem com dias de encerramento agendados – Santarém, Vila Franca de Xira, Beatriz Ângelo (Loures), Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), Garcia de Orta (Almada), Barreiro, Setúbal e S. Francisco Xavier, este último apenas nos meses de junho e julho.

Na nota que acompanha a informação relativa ao plano Nascer em Segurança para o verão, a DE-SNS sublinha que, pelo “impacto direto” que tem nas grávidas, recém-nascidos e suas famílias, a rede de serviços de urgência de ginecologia e obstetrícia “merece atenção prioritária”.

Destaca igualmente a necessidade de salvaguardar “os princípios da equidade, qualidade, prontidão, humanização e previsibilidade dos cuidados prestados no SNS” e diz que avaliará os resultados do plano agora traçado, servindo de base para as decisões futuras.

Utentes preocupados com fecho de maternidade e sobrelotação em Leiria

A Comissão de Utentes do Centro Hospitalar do Oeste manifestou hoje preocupação com o encerramento da maternidade das Caldas da Rainha, salientando que há uma sobrelotação no hospital de Leiria, para onde as grávidas serão encaminhadas.

“A comissão vê com muita preocupação este encerramento”, disse à agência Lusa o porta-voz da Comissão Cívica de Utentes do Centro Hospitalar do Oeste, Vítor Dinis.

Em comunicado, o conselho de administração do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) justificou hoje o encerramento com realização de obras de requalificação “que visam melhorar as condições de qualidade, conforto e segurança para utentes e profissionais de saúde”.

De acordo com o conselho de administração, no decorrer da intervenção “a atividade assistencial do Serviço de Obstetrícia (internamento, bloco de partos e urgência obstétrica) será suspensa, não recebendo novas utentes”, sendo a assistência às utentes do CHO “assegurada pelo Centro Hospitalar de Leiria”.

No Hospital das Caldas da Rainha manter-se-ão apenas em funcionamento as consultas externas de Ginecologia e de Obstetrícia, é indicado na nota.

Segundo Vítor Dinis, a preocupação da Comissão de Utentes prende-se “com a situação em que o hospital de Leiria também está, com excesso de grávidas a irem lá ter bebés e agora levarem com as utentes do Oeste”.

Mais do que a distância entre o Hospital de Santo André, em Leiria, e as três unidades do CHO (58 quilómetros das Caldas da Rainha, 87 de Peniche e 100 de Torres Vedras), a comissão está preocupada com facto de “já estar sobrelotado”, sublinhou.

Por outro lado, a comissão irá “enviar hoje, com caráter de urgência” um pedido ao ministro da Saúde, Manuel Pizarro, “para reabrir a urgência pediátrica de Torres Vedras”, que está encerrada no período noturno, entre as 21e as 9 horas, desde 1 de abril.

As obras de requalificação e a aquisição de novo equipamentos para a maternidade ascendem a 1.208.316,50 euros, dos quais 401.255,60 euros financiados no âmbito do programa de Incentivo Financeiro à Qualificação dos Blocos de Partos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), 725.000,00 euros financiados pela Câmara das Caldas da Rainha e 82.060,90 euros suportados pelo CHO.

No comunicado, o CHO “lamenta antecipadamente os incómodos que serão causados pelas obras e apela à compreensão de todos na expectativa de que este período de constrangimentos seja posteriormente compensado com a melhoria significativa das futuras instalações e equipamentos da maternidade”.

De acordo com o conselho de administração do CHO, a requalificação resultará em “melhores condições de qualidade e segurança para as grávidas e acompanhantes, recém-nascidos e profissionais de saúde, contribuindo de forma significativa para a humanização e segurança dos cuidados prestados”.

Câmara considera preocupante fecho simultâneo das maternidades

A Câmara das Caldas da Rainha alertou hoje para a necessidade de serem garantidos cuidados às utentes da região Oeste, considerando preocupante que as maternidades do hospital local e de Santa Maria encerrem em simultâneo.

“São muitas obras ao mesmo tempo, apesar de que elas são todas necessárias. Mas, o facto de se conjugarem todas na mesma altura para nós é ainda mais preocupante”, afirmou o presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Vítor Marques (independente), reagindo ao encerramento dos blocos de partos dos hospitais das Caldas da Rainha (no distrito de Leiria) e de Santa Maria, em Lisboa, durante o verão.

Contactado pela Lusa, o autarca das Caldas da Rainha mostrou-se “agradado com o facto de haver obra”, cuja necessidade reconhece, admitindo, contudo, “preocupação pela exiguidade dos serviços” que ficarão disponíveis.

“No passado houve várias obras que se executaram no hospital e que conseguiram, mesmo assim, mitigar algumas das respostas”, ao contrário do que acontecerá a partir de junho, em que “com a realização da obra não há condições de manter a assistência”.

Vítor Marques diz estar “bastante preocupado em relação à assistência às parturientes na zona do CHO, na generalidade, e na zona das Caldas da Rainha, em particular”, e manifestou a expectativa de que a obra “seja tão breve quanto possível e que em outubro ou novembro o bloco de partos esteja a funcionar para dar resposta a uma zona que não tem outras respostas”.

O CHO integra os hospitais de Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras, tendo uma área de influência constituída pelas populações dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça (freguesias de Alfeizerão, Benedita e São Martinho do Porto) e de Mafra (com exceção das freguesias de Malveira, Milharado, Santo Estêvão das Galés e Venda do Pinheiro), abrangendo 298.390 habitantes.

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