O chefe João Pereira, de Leiria, foi distinguido com o Prémio Helmut Ziebell, pelo caráter inovador das técnicas apresentadas na final da 34.ª edição do Chefe Cozinheiro do Ano (CCA), que decorreu na quarta-feira, dia 24, em Lamego (distrito de Viseu).
Com 29 anos, o leiriense trabalha atualmente no Hotel Villa Batalha e um menu recheado de sabores portugueses valeu-lhe a vitória na etapa regional que deu acesso à final do concurso: “Sabores de Cenoura Algarvia” (Amuse bouche vegan), “Samos de Poejo, Lascas de Bacalhau Confitado e Escabeche” (Entrada de Bacalhau), “Robalo e Bivalves da Costa, Bolhão Pato e Batata Doce da Horta” (Prato de Peixe), “Bochecha de Porco Preto, Favas da Horta e Pezinhos de Coentrada” (Prato de Carne) e uma “Reinterpretação de Arroz Doce Alentejano, limão e Canela” (Sobremesa).
Apesar de não ter conquistado o 1.º lugar, João Pereira fez parte dos seis finalistas do CCA – António Freitas (Casa Velha, Quinta do Lago), António Queiroz Pinto (Restaurante de Tormes), Diogo Novais Pereira (Restaurante Porinhos), Jeferson Dias (Palmares Ocean Living & Golf Resort) e Marco Coutada (Vale da Corga). O vencedor foi anunciado após cinco horas e meia de prova.
Jeferson Dias foi o grande vencedor do mais antigo concurso nacional de cozinha para profissionais em Portugal, ao conquistar o júri com uma ementa constituída por aveludado de cogumelos, açorda de bacalhau e berbigão, pregado em aromas de caldeirada, presa nos aromas do cozido e sobremesa de amêndoa, gila e mel.
“Trabalho no Algarve há seis anos. Tenho vindo a crescer muito como cozinheiro lá e achei que devia trazer estes sabores, com os quais me identifico”, afirmou Jeferson Dias à agência Lusa.
Natural de Goioerê, Brasil, Jeferson Dias vive há 20 anos em Portugal. Formou-se em Portalegre, trabalhou em Lisboa antes de rumar ao Algarve e há muito que ambicionava participar no CCA.
“O objetivo era fazer o melhor que eu pudesse, mas o prémio veio complementar. É um orgulho enorme pertencer à família do CCA”, frisou.
Jeferson Dias é o terceiro chefe do Palmares Ocean Living & Golf a conseguir esta distinção, depois de Louis Anjos (CCA 2012) e Ricardo Luz (CCA 2019).
“Eles tiveram muita influência [na vitória] pelo apoio que me deram, pela ajuda a treinar, a pensar e a provar os pratos. Estiveram sempre comigo desde o início até agora”, contou.
O primeiro prato que o chefe se lembra de ter cozinhado foi um bife com arroz branco, que aprendeu a fazer com a sua mãe.
Os chefes António Freitas e Diogo Novais Pereira classificaram-se em segundo e terceiro lugares, respetivamente.
Marco Coutada venceu o Prémio Sustentabilidade (referente à correta aplicação de técnicas, metodologias e utilização de matéria-prima de forma sustentável) e João Pereira o Prémio Helmut Ziebell (relativo ao caráter inovador das técnicas apresentadas).
O presidente do júri, António Bóia, realçou que “a final teve por parte de todos os concorrentes um nível altíssimo, muito trabalho preparatório e nitidamente uma forte evolução face às etapas regionais”.
“Ouviram-nos, trabalharam e o nível subiu muito”, afirmou.
Lamego acolheu a final do concurso depois de a chefe Ana Magalhães, do Six Senses Douro Valley, ter vencido a edição do ano passado.
O júri foi constituído por António Bóia (JNcQUOI e presidente de júri), António Loureiro (A Cozinha, uma estrela Michelin e CCA 2014), Paulo Pinto (ACPP), João Oliveira (Vista, uma estrela Michelin), Luís Gaspar (Sala de Corte e CCA 2017) e Ana Magalhães (jurada observadora).