A presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) apelou ontem aos políticos para que apliquem todas as suas energias na missão de cuidar do país e, dessa forma, evitarem mais memoriais.
“Peço-vos, enquanto elemento da AVIPG, que todas as vossas energias sejam aplicadas na missão para a qual foram eleitos – cuidar de Portugal -, para que não se façam mais memoriais de futuro. Esse é o vosso desígnio e a nossa esperança”, afirmou Dina Duarte.
A dirigente discursava na cerimónia de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017, no memorial erguido junto à Estrada Nacional 236-1, na zona de Pobrais, Pedrógão Grande, norte do distrito de Leiria, na qual participaram, entre outros, o Presidente da República, o primeiro-ministro e mais quatro ministros.
“Neste dia e em todos os outros, neste local, honraremos a memória destas vítimas dos incêndios de 2017”, referiu Dina Duarte, que elencou o nome de todas as vítimas mortais, para depois enumerar os feridos e os feridos graves que foram salvos.
Depois de fazer memória ao ano de 2017, a presidente da AVIPG disse que, volvidos seis anos, “é neste local que a água” refresca o ser, para sublinhar que “água é vida”:
“Que 27 de junho 2023 seja o virar da página, que as nossas lágrimas sequem para dar lugar à esperança de um país melhor, de um território onde há futuro. Um país onde há memória, porque um país sem memória do passado não constrói futuro promissor”, acrescentou.
Autarca de Pedrógão Grande pede medidas para repovoar território
O presidente da Câmara de Pedrógão Grande pediu, durante o seu discurso na cerimónia, medidas para repovoar o território e investimentos, sobretudo nas telecomunicações e saúde.
“É um espaço criado pelo Estado, por todos nós, para todos nós. É um espaço resultante da solidariedade do Estado que deve, cada vez mais, olhar para estes territórios de baixa densidade, promovendo o seu repovoamento através de medidas de discriminação positiva e investimentos em diversas áreas, destacando-se as telecomunicações e a saúde”, afirmou António Lopes.
“Manter viva a memória dos que partiram, neste espaço, é tarefa árdua, porque nos envolve na missão de tudo fazer, diariamente, para que acontecimentos daquela natureza não se repitam”, disse António Lopes, considerando que o memorial “é, também, um espaço de refúgio, de respeito, onde o elemento água, conjugado com a terra, se opõe ao fogo”.
António Lopes referiu-se depois à natureza, para salientar que “impera sobre o Homem”, e lembrou que “as alterações climáticas são uma realidade cada vez mais presente no dia a dia”.
“Ainda assim, cabe ao Homem usar a inteligência e a determinação para implementar medidas no terreno, na diversificação do povoamento florestal, em consenso com os proprietários, medidas destinadas a aumentar a segurança das pessoas e bens, medidas destinadas a mitigar as ignições e a progressão violenta dos incêndios”, defendeu
O presidente da Câmara de Pedrógão Grande reconheceu, contudo, que esta é uma “tarefa nada fácil atentas as constantes resistências com que os municípios se deparam na execução de ações como, por exemplo, na realização das faixas de gestão de combustível e, mais presentemente, com a aplicação no terreno das Áreas Integradas de Gestão da Paisagem e Condomínios de Aldeia”.
Recuando a 17 de junho de 2017, quando eclodiram os incêndios no concelho, o autarca assegurou: “Hoje e sempre estamos solidários na memória e na dor de todos aqueles que sofreram com o fatídico dia”.
“Cabe-nos a responsabilidade de os honrar evitando a repetição da História. Devemos-lhes, a eles e aos seus familiares, esse respeito”, acrescentou.