Pode surgir do nada e apenas uma vez na vida ou ser uma perturbação frequente num contexto de elevada ansiedade. A verdade é que os ataques de pânico são extremamente angustiantes e assustadores para quem os vive. Traduzem-se em episódios abrupto, repentinos, de medo intenso e de ansiedade elevada que surgem até sem um acontecimento prévio ou qualquer precipitante.
Os sintomas podem ser físicos, como taquicardias, tremores, sudorese ou formigueiro nas mãos. Graça Milheiro, pedopsiquiatra, sublinha que no caso das crianças e jovens é mais frequente a somatização, como dores abdominais e dores de cabeça, pela dificuldade de verbalização do que sentem.
No caso dos adultos, os sintomas físicos também podem surgir, mas os cognitivos são mais frequentes. Daniel Machado, médico interno de Psiquiatria, esclarece que durante o ataque de pânico a pessoa sente que vai perder o controlo a qualquer momento. “Na verdade, isso não acontece, as pessoas permanecem dentro dos limites do razoável e algumas até conseguem adotar comportamentos na tentativa de se acalmarem”, refere.
Descobrir de onde surge aquele nível tão elevado de ansiedade pode ser “um trabalho de detetive”. No caso das crianças, isso exige que os pais tenham “disponibilidade para conversar, numa escuta atenta, genuína, curiosa, para perceber o que está a correr mal com os filhos”, refere, acrescentando que se deve evitar uma atitude julgadora.
“A criança ou jovem pode ter esse ataque de pânico e não encontrarmos nenhum precipitante aparente, mas quando fazemos a história clínica mais detalhada da situação percebemos o que está a incomodar, é a ponta do icebergue de alguma coisa que não está bem”, reforça a pedopsiquiatra.
Nos adultos, “os ataques de pânico podem acontecer num contexto de grande stresse ou de grande ativação emocional, em que há muita ansiedade, mas também podem surgir em contextos tranquilos, por exemplo enquanto a pessoa está sentada no sofá a ver televisão”, esclarece Daniel Machado.
Durante a perturbação, o controlo da respiração, tentando que seja mais profunda, ajuda. As técnicas de mindfulness também se revelam eficazes. “A pessoa estar na ancorada em qualquer coisa, focar-se num objeto e ver os pormenores daquele objeto, como se estivesse a vê-lo pela primeira vez, ajuda a distrair”, esclarece Graça Milheiro.