A reabilitação de um caneiro, a criação de uma estação elevatória e de um coletor de meia encosta são algumas das soluções previstas num estudo encomendado pelo Município de Leiria para prevenir cheias até 2035.
O Plano Estratégico para a Reabilitação e Beneficiação do Sistema de Drenagem Pluvial da Cidade de Leiria foi apresentado publicamente esta quinta-feira à noite, por Filipa Ferreira, uma das coordenadoras do estudo.
A análise, realizada pela equipa técnica da empresa Hidra, estima que, “nos próximos 20 a 40 anos, se verifique um agravamento da intensidade da precipitação em 5%” na cidade de Leiria.
A requalificação do caneiro, “que está velho e degradado e em risco de colapsar”, em vez de toda a sua substituição numa das principais artérias da cidade, como estava prevista no mandato liderado por Raul Castro (PS), representa uma poupança superior a quatro milhões de euros e evita um processo de obra “muito complexo e demorado”, que teria um “forte impacto” social e económico, reconheceu, à agência Lusa, o vereador das Obras Municipais, Ricardo Gomes (PS).
Por isso, o objetivo será a manutenção de grande parte do caneiro que atravessa a zona baixa da cidade, e a sua substituição num pequeno troço, junto ao Jardim Luís de Camões.
Com um investimento de quase seis milhões de euros, a intervenção será faseada entre 2023 e 2035, avançando, já este ano, os projetos para as obras prioritárias, estando estipulado um calendário para as intervenções para os próximos 12 anos, refere Ricardo Gomes.
Outra das soluções preconizadas, e que já está a decorrer, é a instalação de um sistema de monitorização e aviso de inundação, revelou o vereador.
Segundo explicou Filipa Ferreira, o objetivo é estabelecer soluções que impeçam que as águas das zonas altas cheguem à zona baixa da cidade. Para isso, serão criados coletores de meia encosta que desviam a água para o rio.
“Estas são estratégias de mitigação e de redução de caudais, baseadas em reserva e infiltração. A infiltração até é positiva, tendo em conta a questão da seca, porque reforça os aquíferos”, salientou Filipa Ferreira.
A estação elevatória “é fundamental para retirar a água da zona baixa e só será ativada para chuvas intensas”, irá bombear a água pluvial para o rio Lis, e será mais uma medida para a “aliviar o caneiro” da avenida Heróis de Angola, referiu a coordenadora do estudo.
Como intervenções comuns às duas bacias, o plano prevê a atualização do cadastro e inspeção, com sistema de monitorização e aviso, e, ainda, a construção de um dique entre a ponte do Arrabalde e o açude do Arrabalde.
Na análise realizada no estudo, foram identificados como principais problemas atuais, as limitações da capacidade hidráulica dos coletores, resultando em extravasamentos, e a escassez de energia gravítica, nomeadamente na zona baixa do centro histórico, especialmente em situações de elevado nível do rio Lis.
Outros problemas encontrados são a existência de áreas urbanas localizadas em leito de cheia sem proteção eficaz, o assoreamento e a obstrução de coletores, a existência de coletores construídos sob edifícios, tal como a ineficiência dos dispositivos de interceção do escoamento superficial e de afluências indevidas de águas residuais e do rio Lis, no sistema de drenagem pluvial.
A zona junto ao estádio de Leiria é menos problemática, no entanto, é sugerida a criação de coletores de desvio e o reforço da rede, assim como ‘stop-logs’ nos acessos ao rio.
“Isto são orientações que vão servir de base para projetos a executar”, realçou Ricardo Gomes.