O presidente da Fundação Batalha de Aljubarrota disse esta sexta-feira, 2 de junho, que está a ser preparado um conjunto de intervenções que vão garantir a manutenção e relançamento do projeto do Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (CIBA), criado há 21 anos.
António Ramalho, que tomou posse como presidente do conselho de administração há um mês, sucedendo a Alexandre Patrício Gouveia, considerou no CIBA, em São Jorge, Porto de Mós, que “o dever” dos novos órgãos sociais, empossados há um mês, “é assegurar que todo o trabalho realizado nestes 21 anos seja agora refundado em novos projetos e novas iniciativas”.
O processo implicará “o envolvimento da sociedade civil, das universidades, dos visitantes e também de toda a vizinhança, porque é no enquadramento de toda esta região que se quer valorizar o espaço”.
A Fundação Batalha de Aljubarrota homenageou hoje Alexandre Patrício Gouveia, que morreu em 12 de março. Foi inaugurada uma exposição dedicada à vida do primeiro presidente do conselho de administração, que foi gestor e político, tendo integrado nos anos 1980 o governo de Francisco Pinto Balsemão. Também o auditório do CIBA foi batizado com o nome do fundador.
“Alexandre Patrício Gouveia foi, conjuntamente com António Champalimaud, responsável por criar esta nova valorização do espaço de Aljubarrota”, lembrou António Ramalho.
No CIBA, o novo presidente da Fundação Batalha de Aljubarrota avançou que o objetivo é a “valorização de todo o campo de batalha”, através de “novos percursos e novas atratividades”.
A par disso, a Fundação irá “continuar a apostar na divulgação deste período histórico e sobretudo na importância que este período histórico tem na própria região Centro”, nomeadamente pela constituição da “dinastia de Avis, que de alguma forma foi determinante não só para Portugal como para todo o mundo”.
António Ramalho prometeu investir na valorização de Aljubarrota enquanto “símbolo de consolidação daquilo que é a identidade portuguesa – um povo que às vezes faz os impossíveis e que resolve os seus grandes valores e valoriza a sua nação”.
Em Porto de Mós, o presidente da Fundação admitiu desenvolver uma ideia deixada por Alexandre Patrício Gouveia: a constituição do Roteiro das Batalhas da Independência.
“O seu último ato ainda foi a capacidade de fazermos a aquisição do campo de Atoleiros que, juntamente com Trancoso e Aljubarrota, representa o triângulo – ainda temos [a batalha de] Valverde, mas esse fica em região espanhola [perto de Mérida] – que, no fundo, representam as batalhas” essenciais para a independência de Portugal.
A esse roteiro, será possível juntar “muitos outros sítios” relacionados com essa página da história de Portugal. “Porto de Mós, Ourém, Leiria. No fundo, todas essas zonas representaram estas parcelas, bem como as que se verificaram depois, para simbolismo de Aljubarrota, como seja o caso do Mosteiro da Batalha e até o Convento do Carmo”, onde viria a morrer Nuno Álvares Pereira (1360-1431).
António Ramalho falou ainda da relação entre a Fundação e as autarquias e população local, nem sempre pacífica ao longo dos 21 anos do CIBA.
“Vamos trabalhar conjuntamente. Vamos estabelecer pontes e conseguir assegurar que isto seja um motivo de honra para todas as vizinhanças. É isso que caracterizou a capacidade de identificação que Aljubarrota trouxe ao povo português, não há razão nenhuma para que o povo de português não seja um conjunto de vizinhos, e os vizinhos são bons vizinhos”, concluiu.