Assim como muitas outras pessoas, quando a Covid-19 bateu à porta, Vanessa Reis ficou desempregada. Mas a fisioterapeuta de Lagoa do Furadouro, em Ourém, não deixou que esse fosse um obstáculo na sua vida, decidiu antes olhar para o desemprego como uma oportunidade para cumprir um sonho antigo: trabalhar e viver noutro país com o namorado.
Vanessa Reis, em França: “Desde que emigrei, ir para o trabalho deixou de ser um sacrifício”
Depois de ter ficado desempregada devido à pandemia de Covid-19, Vanessa Reis, de Ourém, decidiu realizar um sonho antigo e emigrou para França. Agora diz estar muito feliz.
VP disse:
Vanessa Reis, em França: “Desde que emigrei, ir para o trabalho deixou de ser um sacrifício”. Estas são as palavras que deram início a um artigo de julho, muito bem escrito por Carolina Santos. Palavras sérias e nada auspiciosas para um país que, pelo menos em palavras, parece atravessado pela emoção do desenvolvimento, do “acordo verde” e das “alterações climáticas”. Um artigo deste mesmo jornal fazia há alguns anos a seguinte reflexão: se muitos chegam a Portugal, significa que há trabalho e segurança. Evidentemente não foi, e mais ainda não é, assim. Este, como a Itália, não é um país que atrai pessoas que tentam explorar as suas características de trabalho para construir uma vida. Simplesmente porque o trabalho é escasso, mal remunerado e sobretudo precário. Então porque é que tantas pessoas vêm para Portugal ou para Itália? Não será só porque vêm de países onde a vida das pessoas tem pouco valor e, portanto, são movidas mais pelo instinto de sobrevivência do que pela procura de oportunidades reais.?!? Diz-se que estas pessoas vêm fazer os trabalhos que os portugueses, ou os italianos, já não querem fazer… ou seja? O garçom, o operador ecológico, o trabalhador…?
Então significa que mesmo em Portugal, como em Itália, as pessoas se sentem tão satisfeitas e “avançadas” que podem dar-se ao luxo de deixar empregos indignos para outros…? Não… sinceramente não tenho essa impressão. Pelo contrário, percebo, especialmente nos jovens, um pedido de estabilidade e sobretudo de perspectivas, que lhes permita construir uma família e olhar para o futuro com calma e serenidade. Principalmente se leio as considerações daqueles que, vindos do Brasil por exemplo, dizem estar satisfeitos com a sua escolha que lhes permite maior proteção e segurança. Proteção e segurança não são os valores que uma pessoa que vem de um país civilizado deveria buscar. E não pode ser uma mais-valia, sobretudo se Vanessa Reis, uma jovem profissional que teve de se deslocar para o estrangeiro em busca de emprego e de uma vida tranquila, afirma que “Desde que emigrai, ir para o trabalho deixou de ser um sacrifício”. Então, o que leva os políticos a avaliar a assistência aos “menos afortunados”, porque é isso que é, uma actividade mais importante do que garantir trabalho, tranquilidade e segurança aos seus cidadãos…? Mas, acima de tudo, o que leva os cidadãos a continuarem a votar neles? Um quebra-cabeça muito legal…