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Cultura

Ney Matogrosso entre os 603 autores que vão estar em Óbidos no Fólio 2023

Entre 12 e 22 de outubro, o Festival Literário Internacional de Óbidos promete mais de cem conversas, 40 apresentações de livros e outros tantos concertos, 21 exposições, entre outras iniciativas.

Ney Matogrosso participa pela primeira vez num festival literário fora do Brasil. Dia 21 apresenta em Óbidos a sua biografia

Que artista representa melhor “Risco”, o tema escolhido para o Fólio – Festival Literário Internacional de Óbidos, do que Ney Matogrosso? Com mais de 50 anos de carreira como cantor, compositor, dançarino e ator, o artista brasileiro, de 82 anos, tornou-se famoso pelo seu timbre e visual exótico e ousado, que marcou uma época – desde os anos 70 – e influenciou gerações. Dia 21 de outubro, Ney Matogrosso estará em Óbidos para participar numa conversa sobre “Vida” e ser homenageado num dos 11 dias que serão dedicados pelo festival a um grande autor, cumprindo o desejo do fundador do Fólio, José Pinho, desaparecido este ano.

Será a primeira vez que Ney Matogrosso participa num festival literário fora do Brasil. Em Óbidos, fará a apresentação da sua biografia – já publicada no Brasil mas ainda sem edição em Portugal – com o jornalista Julio Maria, seu biógrafo.

A edição deste ano do Fólio foi apresentado na quinta-feira em Lisboa, na Casa do Comum do Bairro Alto – Centro Cultural, onde se ficou a conhecer o programa que promete envolver 603 autores e criadores em cerca de 108 conversas e tertúlias, 40 apresentações e lançamentos de livros, 40 espetáculos e concertos, 21 exposições, 18 sessões de leitura e poesia, 14 mesas de autores, entre outras iniciativas.

Entre os dias 12 e 22 de outubro, a 8ª edição dedicada ao “Risco” trará várias novidades, diversas associadas ao livreiro José Pinho.

Uma é uma nova área dedicada ao fundador do festival, em forma de homenagem. “É um espaço para ler, conviver, com livros, tapas e vinho. Era vontade do José Pinho criar uma enoteca que juntasse o livro e o vinho, algo enraizado no território de Óbidos”, contou a vereadora da Cultura da Câmara de Óbidos, Margarida Reis, na apresentação do festival.

A iniciativa “Onze dias, onze autores” também surge pela primeira vez, a partir de um mote deixado por José Pinho, que gostaria de “ter um grande escritor em cada dia do evento”. Em Óbidos, pela primeira vez “um grande autor por dia” será homenageado, disse a responsável, sendo que José Pinho é, ele próprio, o primeiro. Seguem-se Mário Cesariny, Sophia de Mello Breyner Andresen, Agustina Bessa-Luís, Mário-Henrique Leiria, Eugénio de Andrade, António Manuel Couto Viana, Natália Correia, Armando da Silva Carvalho, Ney Matogrosso e Urbano Tavares Rodrigues.

Outra estreia desta edição é a “Carrinha do Dessossego”, uma carrinha que fará uma itinerância pelas sete freguesias do concelho. Durante os dez dias que antecedem o evento, a comunidade tem acesso aos livros que vão ser apresentados.

O Fólio Educa integra, uma vez mais, dois espaços que oferecem à comunidade educativa e ao público áreas de discussão e reflexão: o seminário internacional de educação e o seminário de inclusão.

O agrupamento de escolas Josefa de Óbidos vai voltar a receber as tertúlias educativas e o projeto “Escolas que abraçam”, agora apoiado pela Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que volta com uma nova edição criada por alunos de escolas portuguesas e brasileiras, “prometendo abrir os braços e estender-se África fora até à Ásia”.

Esta nova edição do Folio Educa vai ter uma parceria com a Festa Literária Internacional de Parati.

O Fólio Inclusão, que tem como princípios contribuir para a construção de uma sociedade inclusiva, promove o debate, cruzando a literatura acessível, educação e comunicação. Nessa lógica, o Fólio vai incorporar este ano em todos os seus conteúdos, comunicação e divulgação o ColorADD, código gráfico para daltónicos.

Ainda no que respeita a novidades deste ano, os organizadores criaram o “Dia da Poesia”, para promover este estilo literário e fomentar a sua divulgação, lembrando e lendo os poetas centenários portugueses.

A poesia será celebrada ainda com a presença de poetas oriundos de outros países, como é o caso de Valeriu Stancu, da Roménia, András Petocz, da Hungria, Sylvestre Clancier, de França, Carlos Aguasaco, da Colômbia, Ana Paula Tavares, de Angola, e Filipa Leal, de Portugal.

Pelo segundo ano consecutivo, o festival terá um espaço dedicado à sustentabilidade ambiental, tendo como destaque a exposição permanente “Plásticus Marítimus”, de Ana Pego, que alerta para o problema dos resíduos plásticos nos oceanos.

Segundo Margarida Reis, o Fólio Tec disponibiliza este ano uma assistente virtual para interagir com o público em várias línguas, e o Fólio Boémia apresenta uma programação eclética, com diferentes abordagens artísticas e públicos.

Esta programação inclui música erudita, moderna, experimental, tradicional portuguesa e fado, e vai realizar-se em oito espaços do centro histórico de Óbidos.

Daniel Pereira Cristo, Júlio Resende, Marcos Rodrigues, Amélia Muge e Lavoisier são alguns dos muitos músicos que vão passar pelo festival literário de Óbidos.

Ao nível de exposições, estão previstas 20 mostras e um mural dedicado a José Pinho, bem como o já habitual espaço de divulgação de banda desenhada e outras narrativas gráficas.

Haverá ainda exposições de André Carrilho, Nuno Saraiva, Flicts Ziraldo, entre muitos outros.

A curadoria Ilustra conta este ano com um manifesto ilustrado a favor das livrarias independentes, em que 69 ilustradores (um por cada ano de vida de José Pinho) ilustram livrarias reais e imaginadas.

Em relação aos autores internacionais, a mesa de abertura será partilhada entre Geoff Dyer, autor inglês residente nos Estados Unidos, e João Tordo, que vão falar sobre o tema “Fim”.

O escritor, filósofo e crítico literário britânico Terry Eagleton vai estar à conversa com Pedro Mexia em torno do “pensamento crítico”, enquanto Leonardo Padura e Carlos Vaz Marques vão falar sobre “Coerência”.

Jorge Carrión, Mariana Enriquez, Carla Madeira, Hervé le Tellier e Júlia Navarro são outros autores internacionais de vão passar pelo Fólio.

No panorama nacional, os organizadores destacam o debate entre as jornalistas Ana França e Cândida Pinto sobre “Guerra”, e o encontro entre Paulo Portas e Michel Eltchaninoff, especialista na história do pensamento russo, para falarem sobre o “Futuro”, naquela que será a derradeira mesa do último dia do programa.

O festival conta este ano com um orçamento de 460 mil euros de investimento, revelou o presidente da Câmara Municipal de Óbidos. Segundo Filipe Daniel, há a intenção de, no próximo ano, candidatar o concelho a capital mundial do livro.

O programa já está disponível em foliofestival.com ou, em versão PDF, aqui.

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