“Enquanto ministro ainda não tinha visitado a Batalha”, admitiu no final da visita, em plenas Capelas Imperfeitas, Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura, que assumiu o papel de visitante do Mosteiro da Batalha durante mais de uma hora, esta manhã. Ao REGIÃO DE LEIRIA, confessou-se impressionado: “de facto, é um monumento único de uma beleza singular que não encontra paralelo não só em Portugal, como na Europa”.
A chuva caía e em plenas Capelas Imperfeitas. Será sinal de nova chuva de milhões para investir no mosteiro? “Não. O PRR já tem uma verba prevista para o Mosteiro da Batalha, não há ainda nenhuma fase adicional de reprogramação do PRR, portanto é aquilo que está previsto”, explica. Neste capítulo, a previsão de fundos ultrapassa a imprevisibilidade meteorológica.
Sem novos investimentos na manga, o ministro incidiu atenções nas diversas intervenções de reabilitação e preservação do monumento que têm decorrido. Foram-lhe igualmente apresentados alguns dos espaços que se pretende vir a reabilitar, sendo o auditório do Mosteiro um deles.
“O Ministério concluiu agora obras importantes que acabamos de visitar e esperamos que no próximo período de programação também de novo haja aqui verbas para a intervenção e para a qualificação do Mosteiro”, apontou Pedro Adão e Silva.
O foco nos visitantes e a articulação com a programação, são pontos que sublinha. “Quem quer que visite este momento, e vemos essencialmente estrangeiros hoje aqui, percebe de facto a excecionalidade deste momento no contexto europeu e eu acho que precisamos ter consciência disso”, reforçou.
Efetivamente, os visitantes, sobretudo estrangeiros, marcaram a paisagem da visita. Indiferentes à natureza da comitiva, houve mesmo o caso de turistas que chegaram a solicitar que ministro e acompanhantes se chegassem para o lado, para não estragarem a foto perfeita que pretendia centrar-se no portal manuelino que impera sobre as Capelas Imperfeitas.
Foi pois, sem surpresa, que o relato de um outro visitante, também ele estrangeiro, James Murphy, jovem aristocrata britânico que, no final do século XVIII residiu várias semanas no monumento e dele fez o respetivo levantamento, tenha prendido especial atenção do titular da pasta da cultura.
Num gabinete vizinho ao de Joaquim Ruivo, diretor do Mosteiro, Pedro Adão e Silva revelou-se especialmente interessado no relato do inglês, feito há mais de dois séculos e transcrito na obra que reúne os fascículos publicados em toda a Europa e que incluíram o relato da realidade encontrada no monumento da Batalha.
O registo, que preserva a memória do monumento anterior à destruição provocada pelas invasões francesas, mereceu longos minutos de conversa.
Esta visita ministerial acontece quando se prepara a entrada em funcionamento da empresa pública Museus e Monumentos de Portugal que pretende aumentar receitas e recursos na gestão.
O ministro aproveitou para sublinhar a importância da mudança que se prepara: “será um momento fundamental para momentos como este, que são património da humanidade e que permite ter uma ambição distinta e também gerar receitas que naturalmente servirão para o investimento nos equipamentos. Acho que é uma grande oportunidade que os museus e os momentos de Portugal vão ter: uma gestão mais flexível, com outra autonomia, com outra capacidade”.
Inseridas na iniciativa “Governo Mais Próximo”, as visitas de Pedro Adão e Silva continuam esta tarde no Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota, em São Jorge.