Os professores e educadores realizam hoje uma greve nacional a exigir melhores condições de trabalho, sendo a primeira paralisação no atual ano letivo convocada pela plataforma de nove estruturas sindicais.
O REGIÃO DE LEIRIA tem conhecimento de que, no concelho de Leiria, pelo menos as escolas dos agrupamentos Dr. Correia Mateus e D. Dinis não estarão em funcionamento.
Cerca de três semanas após o arranque do ano letivo, docentes e educadores voltam a parar para exigir velhas reivindicações, como a contabilização integral do tempo de serviço congelado: Seis anos, seis meses e 23 dias.
“Os professores perdem anualmente milhares de euros por não lhes ser contado integralmente o tempo de serviço que cumpriram”, refere o pré-aviso de greve da plataforma, da qual fazem parte a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e a Federação Nacional de Educação (FNE).
Na segunda-feira, o primeiro-ministro voltou a rejeitar a hipótese de uma recuperação integral do tempo de serviço dos professores, defendendo que o custo “é insustentável para o país” e que “tem de haver equidade” para todas as carreiras da função pública.
Em resposta às declarações de António Costa, os dirigentes sindicais garantiram que os professores não vão desistir e que a luta vai continuar.
As organizações sindicais voltaram a sublinhar que estão disponíveis para uma recuperação faseada e lembram que esta não é a única reivindicação.
O fim das vagas para progressão aos 5.º e 7.º escalões e das quotas de avaliação são outras das exigências da plataforma, da qual fazem parte também o Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) e o Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU).
“Os abusos e as ilegalidades nos horários de trabalho arrastam-se e são um dos fatores de profundo desgaste físico, psíquico e psicológico dos docentes”, refere o pré-aviso de greve.
A greve de hoje marca o fim da Semana Europeia dos Professores e realiza-se um dia após o Dia Mundial do Professor (5 de outubro).
Na próxima segunda-feira, 09 de outubro, será a vez de os trabalhadores não docentes fazerem uma greve pela valorização das profissões, na sequência do pré-aviso entregue apenas pelo Sindicato Nacional dos Profissionais da Educação (SINAPE), que também faz parte da plataforma.
Segundo o SINEPE, estes profissionais vivem desde 2010 “uma desvalorização salarial”, uma vez que as suas “tabelas foram ‘engolidas’ pelo ordenado mínimo nacional, sem que existisse uma reestruturação das carreiras”.
Fenprof, FNE, ASPL, PRÓ-ORDEM, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU são as nove organizações sindicais de docentes da plataforma.
O ano letivo começou com uma semana de greves de professores e pessoal não docente convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.TO.P).
Valerio Puccini disse:
O tema é delicado, a remuneração dos professores e a valorização das escolas são os pilares de uma sociedade em evolução. Os alunos de hoje serão os gestores de amanhã ou pelo menos os cidadãos de amanhã e com base nos conceitos que lhes são apresentados pelos professores e, esperançosamente, assimilados por eles, a sociedade de amanhã será formada. Esta é a teoria. Na prática, as coisas acontecem de maneira um pouco diferente. Tomo Leiria como exemplo porque é a cidade onde vivo há quatro anos e para expressar minhas impressões sobre esta experiência. Noto nas pessoas com idade igual ou superior a 35/40 anos falta de atenção ao outro em muitos aspectos da convivência, por exemplo em restaurantes, que quase sempre são muito barulhentos porque todos se comportam como se fosse só ele. Assim como dirigir carros, onde no trânsito todos dirigem como se estivessem sozinhos na estrada. E assim todo mundo para onde quer e não onde é permitido, 4 flechas e pronto. Todo mundo estaciona onde precisa e não paga e nem onde é permitido, então ninguém fiscaliza e muito menos cobra multa. Estes comportamentos são adoptados mais ou menos por todos, jovens mães, senhoras idosas, senhores idosos e claro, por jovens “valentões” que, graças ao seu carácter explosivo, acreditam que podem fazer o que querem. Permito-me expressar estas considerações porque, como italiano, testemunhei a degradação da minha sociedade, da minha cidade, ao longo do tempo. E isto apesar de em Bolonha, a minha cidade, o Município exercer um controlo obsessivo do trânsito, com a criação de ZTL (zonas de trânsito limitado) e equipas de “anjos do estacionamento” que não perdoam um único estacionamento ilegal. Em Leiria, a minha segunda cidade que adoro tanto como a primeira, ou melhor talvez mais, porém ninguém controla e por isso todos se sentem autorizado a fazer o que quiser e a cidade sofre cada vez mais a cada dia que passa. Para as gerações de que escrevi antes, a escola não deve ter alcançado muitos resultados em termos de formação e consequente assimilação do “sentido cívico”, tal como as “escolas de condução” evidentemente não conseguiram transmitir o sentido de a obrigatoriedade do respeito pelas regras de trânsito, dada a forma como as pessoas conduzem em média em Leiria. Talvez as autoridades fizessem bem em considerar algumas campanhas de sensibilização sobre o assunto, de modo a transmitir aos cidadãos a satisfação da convivência civil, onde todos respeitam os outros antes mesmo de si próprios. No entanto, vejo muito entusiasmo entre os estudantes, especialmente do Politécnico e espero que sejam eles que mudem alguns aspectos da cidade para melhor. O estudo ajuda não apenas a conhecer, mas a compreender e utilizar o conhecimento como ferramenta de crescimento pessoal, primeiro, e social, depois. Concluindo, que estes professores recebam mais e a consideração que a sua profissão merece seja garantida, mas medimo-los pelo sentido cívico que conseguirão transmitir aos seus discípulos e pelo futuro que esses jovens conseguirão planear.