O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse no jantar de gala de abertura da 13ª Semana de Moldes, no Castelo de Leiria, que o maior desafio do país é uma procura externa “muito menos dinâmica do que em muitas crises”.
“O maior desafio que temos hoje é que enfrentamos uma procura externa para a economia portuguesa que é muito menos dinâmica do que em muitas crises ou períodos anteriores nos últimos 15 anos”, afirmou na noite de segunda-feira, dia 20, Mário Centeno.
“Quando um país como Portugal, com uma pequena economia aberta, enfrenta uma desaceleração da procura externa, a economia sofre”, disse.
Na intervenção, em inglês, sobre os desafios da economia portuguesa, o governador declarou que o maior desafio “não é a inflação”.
“Posso até dizer que nem sequer é o nível da taxa de juro”, declarou, explicando que a economia portuguesa em desaceleração “continua a crescer, com base nas exportações e no investimento”.
Para Mário Centeno, “esta é a melhor garantia para o futuro de uma economia, crescer a partir do investimento e das exportações, não do consumo”.
“E Portugal fez isso nos últimos 10 anos, para que em 2022 as exportações correspondessem a 50% do PIB [Produto Interno Bruto]”, adiantou, notando que “há 15 anos representavam 30%, hoje são mais de 50%”.
“A procura externa em média, em 2023, 2024 e 2025, deverá crescer 1,7%. Esta é a expectativa. E digo apenas 1,7, porque se compararmos com a mesma variável durante o Programa de Ajustamento, o período muito difícil de 2012 a 2014, o mesmo número foi de 2,8%”, 1,1 pontos percentuais acima, precisou.
Segundo Mário Centeno, o país esteve “perante uma procura externa muito mais dinâmica, mesmo num período em que o Euro estava em recessão”, e no período de pré pandemia.
“De 2016 a 2019, a procura externa aumentou 3,4%, o dobro do número que esperamos, que prevemos, que seja o nosso aumento da procura externa nos próximos três anos”, disse, reiterando que “isto é um desafio para uma pequena economia aberta”.
Na intervenção, em que lembrou a crise decorrente da pandemia de Covid-19 e como o país a ultrapassou, destacou ainda a evolução no âmbito da educação, classificando-a como “revolução silenciosa”.
“Pela primeira vez em 900 anos, estamos a aproximar-nos ao nível da educação escolar dos nossos parceiros europeus”, adiantou.
Segundo o Governador do Banco de Portugal, os últimos números disponíveis, de 2022, indicam que 85% dos jovens entre os 19 e 24 anos entram no mercado de trabalho pelo menos com o ensino secundário, considerando este um “indicador chave para a economia, para a sociedade” e para o país “poder ser ambicioso”.