O risco de doença respiratória precoce nos jovens devido à utilização dos cigarros eletrónicos é preocupante. O alerta é da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) e coincide com o apelo lançado na passada semana pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para uma “ação urgente” de controlo do consumo.
“Está provado que os cigarros eletrónicos danificam muito as defesas. (…) Estas infeções recorrentes nos jovens e nas crianças são um fator de risco para a doença crónica respiratória no adulto”, considerou a coordenadora da Comissão de Tabagismo da SPP em declarações à Lusa.
Sofia Ravara sublinhou que os cigarros eletrónicos provocam sintomas respiratórios como tosse, pieira, dificuldade respiratória, cansaço e agravam a asma, e que a lesão pulmonar aguda Evali “leva ao internamento hospitalar com necessidade de oxigénio”. “Existem vários casos publicados que ocorreram na Europa e que evidenciam que a Evali (…) não aconteceu só nos Estados Unidos e aconteceu em utilizadores de cigarros eletrónicos com e sem nicotina independentemente de terem ou não o óleo de vitamina E ou canábis”, realçou.
A pneumologista recordou que o aumento do consumo de dispositivos inalados de nicotina são “altamente aditivos” e provocam “doença a médio longo prazo”.
Do relatório ‘Electronic Cigarettes Call to Action’, onde a OMS alerta para o “uso alarmante” de cigarros eletrónicos por crianças e jovens, Sofia Ravara destaca ainda o risco do consumo por parte de mulheres grávidas para a saúde e o desenvolvimento do feto.
“A nicotina (…) é teratogenia (…) e pode levar a alterações do desenvolvimento do sistema nervoso central com implicações na aprendizagem, no rendimento cognitivo, mas também na saúde mental desta criança e futuro adulto”, adiantou, acrescentando que a SPP está “preocupada com a epidemia crescente dos cigarros eletrónicos”.
34
Segundo a OMS, 34 países proíbem a venda de cigarros eletrónicos, enquanto 88 não estabeleceram uma idade mínima para a compra de cigarros eletrónicos e 74 não adotaram regulamentos para estes produtos nocivos
Já a Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública alertou que os riscos da utilização de cigarros eletrónicos são reais, solicitando “medidas imediatas aplicando o princípio da precaução em saúde pública”. “Estes dispositivos emitem aerossóis com substâncias tóxicas associadas ao desenvolvimento de cancro, representando riscos cardiovasculares, com potenciais impactos adversos no desenvolvimento cerebral de jovens e perigos para mulheres grávidas e muitos outros riscos ainda desconhecidos”, lembrou.
A OMS apontou para a necessidade de os países que proíbem a venda de cigarros eletrónicos reforçarem a aplicação da proibição e pediu aos que permitem a sua comercialização que garantam regulamentações rigorosas para reduzir o consumo, incluindo a proibição de todos os sabores, limitando a concentração e a qualidade da nicotina e tributando-os.
Segundo o relatório da OMS, os cigarros eletrónicos, enquanto produtos de consumo, “não demonstraram ser eficazes para deixar de fumar” e, em vez disso, “surgiram provas alarmantes sobre os efeitos adversos para a saúde”. Por outro lado, os cigarros eletrónicos são comercializados de “forma agressiva” junto dos jovens, salienta a OMS, advertindo que os que têm nicotina são “altamente viciantes e prejudiciais para a saúde”.
A OMS acusa ainda a indústria do tabaco de lucrar com “a destruição da saúde” e de “utilizar estes novos produtos para conseguir um lugar à mesa dos decisores e dos governos para fazer pressão contra as políticas de saúde”. “A indústria do tabaco financia e promove o uso de provas falsas para afirmar que estes produtos reduzem os danos, ao mesmo tempo que promove fortemente estes produtos junto de crianças e não fumadores e continua a vender milhares de milhões de cigarros”, critica a OMS.
VP disse:
25 de dezembro 2023 – Final do ano com urgências condicionadas em Leiria e Caldas da Rainha
Falta de recursos médicos afeta urgências de Ginecologia e Obstetrícia e de Pediatria, bem como a resposta em Cirurgia Geral e Via Verde Coronária –
…Bem, é exatamente disso que eu estava falando na nota anterior…
VP disse:
Curioso tanto interesse em cigarros eletrônicos em um
Pais onde, por vezes, até os recém-nascidos fumam. Se houver 10 mesas na varanda de um bar, você pode ter certeza que pelo menos 8 delas terão alguém fumando. Jovens, não tão jovens, mulheres, meninas, idosos. Todo mundo fuma. Neste contexto, as emergências encerram aos fins-de-semana por falta de médicos que os recursos do governo não conseguem pagar o suficiente para os convencer a ficar. Portanto, não há recursos suficientes para médicos e instalações, mas o pouco dinheiro é mal desperdiçado para permitir que as pessoas lentamente “cometam suicídio” com cigarros e sacolas cheias de comida..?!? Temos a certeza de que aqueles que dizem que os governos estão a lucrar com o fumo têm razão? Temos a certeza de que os custos incorridos para “tratar” as pessoas “em risco” são cobertos pelos impostos especiais sobre o consumo de cigarros e/ou pelo IVA sobre os alimentos? Cálculos difíceis de fazer com precisão, mas um facto é certo: “onde não há vantagem, a remessa é segura”, portanto para quem “não fuma” e “não come imoderadamente” o prejuízo está assegurado. Desafiando o “sentimento progressista comum”, lanço uma provocação que poderá incluir a obrigatoriedade de as pessoas “certificadas em risco” subscreverem apólices de seguros que integrem os custos incorridos pelo SNS para curar “maus hábitos”. Uma coisa é ter uma doença que te pega inesperadamente, outra coisa é ir atrás dela, difícil de entender? Eu não tenho dúvidas. Mas seria certamente mais “justo” do que um sistema onde aqueles que vivem no desprezo de si próprios e dos outros também exploram indignamente até os seus “poucos” recursos. Talvez desta forma ninguém deveria se sentir inadequado em ter de informar os cidadãos que os serviços de emergência estão encerrados aos fins-de-semana. Ou não..?!?