“Estava aqui a pensar numa pergunta que é frequente fazerem-me ao longo destas três décadas de viajante profissional: ‘mas lá fora o que dizem de nós?’ Sou demasiado novo para trazer o Eusébio para a mesa, mas desde que viajo tem sido o Figo, depois o Cristiano Ronaldo e agora as ondas gigantes da Nazaré. Fora isso, não se fala de mais nada. ‘E a História? Os descobrimentos?’. Bem, os descobrimentos são uma pequena vírgula, um pequeno parêntesis, conhecido no mundo ao nível da classe média. É um bocado triste pensar que apenas esse pequeno momento dos descobrimentos é a nossa chamada aos grandes manuais da história mundial. (…) Agora, quando me debrucei sobre esta questão da Criança do Lapedo, com este grupo, e sobretudo quando percebi o alcance das conclusões que o João Zilhão tinha tirado logo nos primeiros meses a seguir à descoberta, e que há 25 anos continuam a não ter ressonância a nível nacional, penso que o simbolismo deste achado poderá, eventualmente, um dia, a nível global, falar tanto de Portugal como o período dos descobrimentos”, afirmou o escritor de viagens Gonçalo Cadilhe, no passado dia 14 de dezembro, no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa, durante a sua intervenção, na apresentação do Programa de Interpretação e Comunicação do Vale do Lapedo: “Criança do Lapedo – uma proposta de viagem”, à qual o REGIÃO DE LEIRIA assistiu.
Criança do Lapedo: 25 anos depois, uma janela para olharmos para nós próprios
25 anos após a descoberta do esqueleto da Criança do Lapedo, foi apresentado em Lisboa e em Leiria uma nova proposta de interpretação do achado que permita dar-lhe a merecida relevância.