O crescimento excessivo de algas na Lagoa de Óbidos vai ser estudado no âmbito de uma candidatura a submeter ao Mar 2030, anunciou esta quarta-feira o presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), José Guerreiro.
O IPMA está “a ultimar uma candidatura ao Mar 2030, em que um dos objetos de estudo é precisamente a Lagoa de Óbidos”, disse à agência Lusa o presidente do IPMA, José Guerreiro, no final de uma visita ao sistema lagunar que conheceu, nos últimos dois anos, um crescimento de algas “absolutamente fora do comum”.
As algas em causa, denominadas ostráceas, “normalmente são sinal de saúde do ecossistema, mas neste caso não o são devido ao crescimento excessivo e anormal”, explicou José Guerreiro, considerando que o fenómeno se deve a “fatores que têm que ser identificados e explicados para que se possa fazer uma intervenção” na Lagoa de Óbidos.
No caso da Lagoa de Óbidos, no distrito de Leiria, a candidatura incidirá também no estudo “da dinâmica associada aos bivalves, para que se faça uma melhor gestão dos ‘stocks’ (…), bem como da dinâmica do choco, que é também um recurso importante aqui”, disse o presidente do IPMA.
A candidatura, no valor de dois milhões de euros, deverá ser formalizada até à primeira semana de fevereiro e incluirá, além de Óbidos, os sistemas lagunares da Ria Formosa, Sado, Tejo, Santo André, Ria de Aveiro e Estuário do Minho.
A excessiva proliferação de algas foi uma das preocupações manifestada hoje pela Associação de Pescadores e Mariscadores de Óbidos (APMLO) durante uma visita à lagoa e uma reunião com a secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, e representantes do IPMA, Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) e das autarquias ribeirinhas das Caldas da Rainha e de Óbidos.
A reunião técnica juntou “todas as entidades na mesma mesa” para “tentar solucionar um problema que é de todos e que é uma questão urgente”, disse a secretária de Estado, lembrando que a lagoa foi, em 2022, objeto de uma dragagem de 14,6 milhões de euros.
O objetivo é, segundo a governante “encontrar uma solução que resolva de forma definitiva, ou com uma solução de continuidade”, os problemas de assoreamento da lagoa.
O presidente da Câmara de Óbidos, Filipe Daniel (PSD), admitiu que a solução pode passar por retomar estudos para a construção de um pontão “que fixe a aberta [ligação da lagoa ao mar]”, reforçando a necessidade de “um estudo efetivo para que a lagoa não seja gerida com base em sensibilidades, mas sim em dados” que levem à resolução do problema a mais longo prazo.
A Lagoa de Óbidos é o sistema lagunar costeiro mais extenso da costa portuguesa, com uma área de 6,9 quilómetros quadrados que fazem fronteira terrestre com o concelho das Caldas da Rainha a norte (freguesias da Foz do Arelho e do Nadadouro) e com o concelho de Óbidos a sul (freguesias de Vau e de Santa Maria).
A lagoa foi, em 2022, alvo de dragagens na Zona Superior, numa empreitada de 14,6 milhões de euros para retirar 875.000 metros cúbicos de areia, ao longo de 4.000 metros de canais e 27 hectares de bacias daquele ecossistema, onde ciclicamente é preciso intervir para manter a ligação ao mar.