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Teatro

População da Vestiaria junta-se para cumprir a tradição e serrar a velha

Este sábado, dia 16, quarenta homens e crianças dão vida à revista quase centenária “Serração da Velha”.

Foto: Fernando José

Antigamente, a meio da Quaresma, as pessoas reuniam-se ao cair da noite, correndo para um local anunciado à última da hora, para “serrar uma idosa”. Eram ditas algumas palavras, a velha apresentava um testamento, enquanto os populares no local instigavam todo o processo: “Serra a velha, serra a velha!”.

A origem da tradição não é conhecida, mas muitos defendem que a “velha” era uma representação simbólica da Quaresma e das imposições alimentares que outrora existiram nessa altura do ano. “Serrá-la” representava, portanto, abrir uma exceção às restrições perpetuadas nos 40 dias antes da Páscoa.

A tradição perdeu-se ao longo das décadas, mas há sítios onde ainda persiste, como é o caso de Alcobaça. Na Vestiaria, comemoram-se agora 96 anos da “Serração da Velha”.

Com algumas interrupções em anos mais singulares ou períodos do século XX, que trouxeram conturbações sociais, esta revista tem sido realizada de quatro em quatro anos. Outrora, era feita na rua, num largo ou praceta. Desde que os habitantes mais antigos se lembram, esta paródia e sátira aos costumes populares da comunidade e suas gentes, acontece na Casa da Música da Sociedade Filarmónica Vestiariense, que a promove, explica o maestro João Gaspar.

O espetáculo, que acontece este sábado, dia 16, começa sempre da mesma forma: com um cortejo de todas as personagens, que percorre a rua principal até chegar ao local da encenação, onde os populares (a audiência), aguardam ansiosamente pela sentença de uma velha anciã, neste caso de Ambrozina Porqueira Matias Palheta da Purificação.

A idosa é troçada vilmente por personagens muito vicentinas, “que representam várias classes, origens e personalidades sociais, reivindicando a sua morte pela serra”. Com exceção de alguns que a defendem, todos querem que a velha seja serrada. Os guardas limitam-se a observar e uma banda de palco garante que todos os momentos são cantados e musicados.

Quarenta homens e crianças dão vida este ano à “Serração da Velha”, acompanhados pela música da Filarmónica Vestiarense.

Quanto ao argumento da peça, é o mesmo desde a década de 50, mas no final do segundo ato da revista, a velha entrega o seu testamento a um oficial procurador que o faz tornar público, lendo-o para a audiência. A partir daqui tudo o resto é inesperado.

Esta revista é um dos eventos mais aguardados pela população vestiariense. Para o maestro João Gaspar, “preservar estas tradições populares é afirmar a riqueza identitária das populações e assegurar que as novas gerações possam aprender e conhecer as suas origens”.

O espetáculo, destinado a maiores de 3 anos, inicia às 21h30 e os bilhetes custam 8 euros.

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