O batalhense Joaquim Monteiro Matias foi condecorado pelo Presidente da República, no passado dia 25 de abril, com a Ordem da Liberdade.
A condecoração decorreu por ocasião dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 e Marcelo Rebelo de Sousa condecorou oito advogados que foram defensores de presos políticos no período antes do 25 de Abril.
Além de Joaquim Monteiro Matias, receberam a comenda da Ordem da Liberdade Amadeu António Pereira Lopes Sabino; António José Maldonado Cortes Simões; Jorge Ítalo Assis dos Santos; José Adalberto Coelho Alves; José Delgado Domingues Martins; José Paiva Biscaia Filipe Pereira; e Saúl Fernandes Rodrigues Nunes.
Na Cerimónia, que decorreu no Palácio de Belém, foi agraciado também com as insígnias de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade, Manuel Luís Macaísta Malheiros.
Joaquim Monteiro Matias, que já se encontra retirado da atividade, nasceu em setembro de 1938 no Casal da Ponte Nova, na Batalha. Filho de agricultores, frequentou o liceu Rodrigues Lobo, em Leiria, e a partir de 1955 o liceu Camões, em Lisboa, onde concluiu o 7.º ano.
Em 1957 matriculou-se na Faculdade de Direito, vindo a licenciar-se em 1962 com elevada classificação. Fez o estágio para a advocacia, que concluiu em junho de 1964, e passou logo a advogar em defesa dos presos políticos no Tribunal Plenário da Boa Hora.
Viria a ser preso pela PIDE em 23 de julho de 1967, acusado de ligações à FAP – Frente de Ação Popular, e foi condenado no Tribunal Plenário a 2 anos e 8 meses de prisão maior e medidas de segurança de internamento prorrogáveis, que cumpriu parte na Cadeia do Forte de Peniche, de onde saiu no dia 26 de janeiro de 1971 em regime de liberdade condicional.
Algum tempo depois retomou em Lisboa o exercício da advocacia, centrada na defesa nos tribunais do trabalho e dos trabalhadores associados dos sindicatos que o haviam contratado para esse efeito.
Recorde o testemunho de Joaquim Monteiro Matias, produzido em 2014, à Antena 1 e que está nos arquivos da RTP.