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Batalha

Presidente da República pede estatuto condigno para militares sem os quais “não há Forças Armadas fortes”

Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, participaram este domingo nas comemorações do 106 aniversário da Batalha de La Lys e do Dia do Combatente, na Batalha.

Cerimónia decorreu esta manhã na Batalha Foto de arquivo: LC

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu este domingo, na Batalha, um estatuto condigno para os militares, sem os quais “não há Forças Armadas fortes”, considerando não se poder desbaratar o momento irrepetível na história de Portugal.

“(…) Forças Armadas fortes são navios, aviões e blindados, mas são, sobretudo, quem os navega, os pilota e os conduz e que, ou têm estatuto condigno para serem militares e se manterem militares, ou, uma vez mais, se pode desbaratar um momento irrepetível na nossa História, tal como se não deve desbaratar o momento irrepetível de cumprir aquilo que está por cumprir no Estatuto do Antigo Combatente”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Na Batalha, onde presidiu às cerimónias comemorativas do 106.º aniversário da Batalha de La Lys e do Dia do Combatente, onde esteve também o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, o Comandante Supremo das Forças Armadas considerou que “é tão simples perceber isto aqui, junto ao mosteiro da luta pela soberania pátria, que importa não desperdiçar mais tempo a descobrir o que deveria representar, há muito, uma evidência”.

“É esta a evidência que, uma vez mais, o vosso Comandante Supremo quer que atinja todos os portugueses no ano em que se evoca meio século de uma mudança decisiva na vida de Portugal [Revolução de 25 de Abril de 1974], feita nessa hora decisiva por quem?”, perguntou, respondendo “por militares”.

“Tal como foram militares a lutar com denodo, em La Lys, em toda a Grande Guerra, tal como foram militares mais tarde no Ultramar, em três territórios africanos diferentes, a viver uma, duas, três, quatro, nalguns casos cinco comissões de serviço sucessivas, chamados em nome de Portugal”, continuou, frisando que, “sem militares não há Forças Armadas fortes, sem Forças Armadas fortes, não há Portugal forte”.

Antes, ao referir-se à Batalha, cujo Mosteiro foi erguido em agradecimento pela vitória na Batalha de Aljubarrota, o Presidente da República declarou que esta recorda os soldados portugueses “presentes nas fronteiras da Europa, a norte, a leste, a sul, a oeste, em África, no centro, a oeste, a leste, no sul, presentes noutros continentes, presentes nos oceanos todos eles, presentes, pois, em mar, terra e ar”.

“Batalha aviva-nos o espírito para a Ucrânia, o Médio Oriente, o mar Vermelho, a África em tensões crescentes, o Báltico, o Mediterrâneo, os Atlântico norte e sul. Batalha diz nos que prevenir vale mais do que remediar. Fazer a paz começa em prevenir e evitar a guerra”, afirmou o Chefe de Estado.

“As guerras se ganham em variadas capacidades, mas ganham-se mais ainda em pessoas, com pessoas, com aquilo que só elas e não as máquinas podem fazer”, sustentou.

Segundo o Chefe de Estado, as comemorações neste lugar histórico convidam “a agradecer séculos de Portugal, apenas possíveis pela mão” dos combatentes, a “compreender que as Forças Armadas não são relíquias do passado, são garantias do presente e do futuro”.

“E que se Portugal quer mesmo ser importante no mundo, quando terminar as funções do secretário-geral das Nações Unidas [António Guterres], quando estiver a fazer tudo para ser membro do Conselho de Segurança ou a ter os seus melhores em lideranças na União Europeia ou na NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte, na sigla inglesa], então que não se esqueça que só o conseguirá com diplomacia, mas também com Forças Armadas fortes”, acrescentou.

Liga com “fundamentadas esperanças” de que combatentes vejam contempladas reivindicações

O presidente da Liga dos Combatentes disse, por seu turno, ter “fundamentadas esperanças” de que os militares vejam contempladas as suas reivindicações e defendeu que os governos na Europa deveriam proporcionar às suas Forças Armadas um plano estratégico de emergência.

Após manifestar ao ministro “sinceras felicitações pelo alto cargo que acaba de assumir”, o tenente-general desejou “maiores felicidades no cumprimento de uma exigente missão a nível nacional e internacional”.

Depois, referiu-se à I Guerra Mundial, recordando que “Portugal e os combatentes sofreram, mas estiveram com os vencedores e conservou-se a posse das então chamadas províncias ultramarinas”.

“Parece que foi ontem. Aos gritos, o povo português entoava ‘Angola é nossa’. Tivemos 250 mil homens em armas durante 13 anos. Já lá vão 63 anos”, declarou, notando que o país africano é agora independente.

Sobre a Revolução de 25 de Abril de 1974, salientou também que “parece que foi ontem”.

“Aos gritos, o povo português cantava ‘Grândola, Vila Morena’ e gritava ‘Liberdade’”, prosseguiu, assinalando que “já lá vão 50 anos” e Portugal “é hoje um país democrático”.

Porém, “não parece que foi ontem”, pois, “tal como no final do primeiro e segundo quartéis do século XX, a Europa, no final do primeiro quartel do século XXI, está novamente em guerra”, com consequências económicas “evidentes, conhecidas e sentidas pelos portugueses”.

“A insegurança e a instabilidade na Europa são realidades para longo prazo”, declarou, defendendo que, “não só em Portugal, mas em toda a Europa, face às lições recentemente aprendidas, os governos deveriam” proporcionar “às suas Forças Armadas, em permanência, a possibilidade de execução de um plano estratégico de emergência”.

Para Chito Rodrigues, este plano, que designou “Plano R”, deveria ser subordinado a “cinco preocupações estratégicas de defesa”, reorganização reformista, recrutamento, retenção e remuneração, reequipamento e remuniciamento terra, mar e ar.

“Só a adoção política e a execução pelas Forças Armadas de um adequado, realista e coordenado ‘Plano R’, de longo prazo, onde a interoperabilidade deverá encontrar solução, poderá vir a garantir dissuasão a nível nacional e europeu, e a consequente tranquilidade para os nossos netos e bisnetos”, considerou o presidente da Liga.

Segundo o tenente-general, “é evidente a necessidade de reforço do pilar europeu” da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla inglesa), no ano do seu 75.º aniversário, “onde Portugal, como seu fundador, deve poder melhorar o seu contributo e garantir paz e tranquilidade aos seus cidadãos”.

Chito Rodrigues salientou ainda que, “em todos os momentos difíceis da vida nacional”, houve “uma parte do povo português que foi ator decisivo no desenrolar dos acontecimentos”, notando que “uma parte desse povo deu a vida ao escrever essa História”.

“A outra parte sobreviveu, regressou e raramente ou tardiamente, recebeu os reconhecimentos morais e materiais devidos”, sustentou, explicando que “foram soldados de Portugal, essas duas partes do povo português, os atores decisivos nos momentos difíceis da sua História”.

Por isso, “há precisamente 100 anos, que as consequências da Grande Guerra davam origem a cem anos de solidariedade e apoio mútuo, entre combatentes portugueses, nos conflitos armados do século XX e XXI”, adiantou, recordando o nascimento, em 29 de janeiro de 1924, da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, hoje Liga dos Combatentes.

Chito Rodrigues abordou a história, enumerou atividades e a ligação às antigas colónias, para assinalar que se trata de exemplos concretos de que as “fronteiras humanas e espirituais que ligam hoje países independentes continuam bem profundas, num verdadeiro e salutar ‘império da alma’”.


Secção de comentários

  • Raul Silva disse:

    Anedota de abril, ou quê? Um fugitivo ao Serviço Militar obrigatório a pedir um estatuto condigno para os militares. Só mesmo para pôr o povo a rir.

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