O Presidente da República inaugurou hoje o Museu Nacional da Resistência e Liberdade na Fortaleza de Peniche, antiga cadeira política da ditadura, um período histórico “diferente da democracia”.
“A ditadura é diferente da democracia” e “é importante que hoje e no futuro se perceba isso”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, durante a inauguração do museu.
“Não podemos deixar cair ou prescrever essa memória com o passar dos anos”, sublinhou.
“Infelizmente temos poucos monumentos que mostram que a ditadura existiu, mas aqui [Fortaleza de Peniche] sem dúvida se percebeu que havia um símbolo único do que foi Portugal durante 48 anos”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
Domingos Abrantes, ex-preso político durante 10 anos em Peniche e membro da comissão criada para o museu, lembrou que o país esteve “quase meio século à espera” deste museu.
Durante a ditadura, a Fortaleza de Peniche funcionou enquanto prisão política, donde, com o 25 de Abril de 1974, os respetivos presos foram libertados dois dias depois.
O Museu Nacional Resistência e Liberdade nasce do reconhecimento deste local enquanto espaço-memória e símbolo da luta pela liberdade à escala nacional.
O projeto tem como missão investigar, preservar e comunicar a memória nacional relativa à resistência ao regime fascista português, a partir das memórias e experiências dos que lutaram pela liberdade e pela democracia.
O museu representa um investimento de 4,3 milhões de euros, comparticipados por fundos comunitários, e implicou obras que levaram ao encerramento da Fortaleza em fevereiro de 2022.
Em abril de 2017, o Governo aprovou um plano de recuperação da Fortaleza de Peniche para instalar o museu na antiga prisão da ditadura do Estado Novo, destinada a presos políticos.
Em setembro de 2016, a Fortaleza de Peniche foi integrada pelo Governo na lista de monumentos históricos a concessionar a privados, no âmbito do programa Revive, mas passados dois meses foi retirada, pela polémica suscitada, levando a Assembleia da República a defender a sua requalificação, em alternativa.
A fortaleza, classificada como Monumento Nacional desde 1938, foi uma das prisões do Estado Novo, de onde se conseguiu evadir, entre outros, o histórico secretário-geral do PCP Álvaro Cunhal, em 1960, protagonizando um dos episódios mais marcantes do combate ao regime ditatorial.