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50 anos do 25 de Abril

O cravo não é meu, mas os 50 anos significam que há meio século eu estava na Guiné como voluntário no Exército Português.

O cravo não é meu, mas os 50 anos significam que há meio século eu estava na Guiné como voluntário no Exército Português, a fim de me tornar livre para emigrar e assim não ser considerado fugitivo ou refratário.

Vivíamos numa ditadura? Havia censura? Existia uma polícia política? Ocupávamos arbitrariamente a Guiné há 400 anos? Muitos perderam a vida a servir naquela terra, e ainda hoje são chorados, enquanto outros ficaram com sequelas para toda a vida. Sim, tudo isso é verdade e ainda me comove esta realidade, mas… fugir para o estrangeiro, como tantos outros fizeram, e que alguns depois do 25 de Abril até vieram a ser nomes de relevo na Democracia, não estava no coração de quem não queria ser apontado como… fugitivo!

Foram muitos os que serviram a Pátria naquela época, e hoje, em grande medida, são os tais fugitivos e grande parte da geração nascida depois de Abril que desvaloriza os ex-Combatentes da “recente” guerrilha ultramarina. Ventos da História e da Cultura atual? Eu, sendo um dos mais novos ao serviço de Portugal, repito que o cravo não é meu, mas os 50 anos de Liberdade também pertencem a quem no calor de África não teve quem lhes acariciasse a alma, e que, tantas vezes ao olharem para um aerograma como se uma simples carta fosse gente, amaram a escrever com uma pobre caneta na mão! A escreverem para gente que não viam e amavam, voavam às alturas para imaginar o Oceano, e desciam a pique para fazer amor no papel a que chamavam aerograma!!!

É preciso espalhar alegria, fraternidade, mas, para ser justo, a Liberdade também pertence a quem ainda hoje luta por ela e, com a devida humildade, relembro que também pertence aos ex-Combatentes, que, por ordem natural, já só uma parte desses vai tendo vida para falar de guerrilhas e dos tais amores que enviavam pelo correio! E também para contar a verdade de que o bom Combatente, embora tivesse o coração bombardeado, sentia grande carinho pelo Povo humilde da Guiné.

Carmindo Bento
Monte Real/Carvide

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