O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou hoje a morte de Tomás Oliveira Dias, que foi fundador do PPD/PSD e deputado constituinte, sublinhando o seu “empenhamento pela liberdade e pela democracia”.
Tomás Oliveira Dias, natural de Leiria, morreu este domingo, aos 90 anos.
Numa mensagem publicada na página online da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa “lamenta o desaparecimento de Tomás Oliveira Dias, deputado constituinte tal como ele, e como ele fundador do PPD”.
Segundo o chefe de Estado, “neste momento de tristeza e de reconhecimento, cabe sublinhar o seu empenhamento pela liberdade e pela democracia, tendo designadamente sido fundador da Sedes antes do 25 de Abril”.
“À sua família e seus amigos, o Presidente da República, e seu muito antigo amigo, apresenta sinceras condolências”, acrescenta-se na nota.
Tomás Oliveira Dias esteve no encontro secreto na Curia onde foram delineadas as linhas programáticas do PPD/PSD, que viria a nascer em 6 de maio de 1974 pela mão de Francisco Sá Carneiro e de Francisco Pinto Balsemão, entre outros, e pelo qual foi deputado à Assembleia Constituinte.
O Presidente da República Jorge Sampaio distinguiu-o com o grau de grande oficial da Ordem da Liberdade.
“Lamento profundamente o falecimento do Tomás Oliveira Dias, um leiriense credor do nosso reconhecimento e homenagem pelo papel que assumiu na consolidação da democracia e pelo seu contributo para o desenvolvimento do nosso concelho”, disse o presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes (PS), numa declaração enviada à Lusa.
Em nota enviada hoje às redações, o O PSD expressa também “especial gratidão pelo trabalho e dedicação de Tomás Oliveira Dias à causa pública e ao triunfo da democracia em Portugal”.
O partido social-democrata dirigiu ainda “sentidas condolências à família, amigos mais próximos e a todos aqueles que tiveram o privilégio de o conhecer ou com ele trabalhar”.
João Cunha recorda papel de Tomás Oliveira Dias no 25 de Novembro de 1975
O advogado leiriense João Cunha, presidente da Associação Social Democrata de Leiria, em declarações ao REGIÃO DE LEIRIA, diz que, “com o falecimento de Tomás Oliveira Dias, Leiria, o seu distrito e a Alta Estremadura ficam mais pobres”.
“Partiu o Homem, o cidadão, o pai de família que, nesta região, esteve mais tempo em actividades político-sociais, ao serviço da sociedade. Desde, pelo menos, 1954, enquanto estudante de Direito de Coimbra, que esteve envolvido em causas públicas, procurando com o seu empenhamento dar um eficaz contributo para o desenvolvimento da região, que via como um todo integrado”, entende.
“Pessoa dotada de uma singular capacidade de gerar consensos, agregar vontades e federar razões, Tomás Oliveira Dias foi sempre uma pessoa simples, cordata, diplomata, elevada, mesmo em situações de adversidade colectiva ou pessoal. Para além do seu percurso político, do seu empenhamento social, que falam por si, fica o exemplo de um Cidadão e de um Democrata que não se demitiu das suas responsabilidades inerentes a essa cidadania. Quando muitos se inibiram ou delas se apartaram, ele de frente assumiu-as na plenitude, com os riscos inerentes. Chegou a ser convidado para ministro, mas declinou singelamente”, adianta, justificando que perdeu “um amigo, um ilustre conterrâneo e um companheiro de luta pelos ideais” que com ele partilhou.
João Cunha diz ainda que “nunca poderá ser esquecido o papel liderante, mas moderador, que teve no dia 25 de Novembro de 1975, em Monte Real, perante a ocupação da Base Área pelos paraquedistas revoltosos vindos de Tancos, evitando, com sabedoria, que ocorresse um confronto quase inevitável entre estes e a população civil que cercava a Base”.