A Câmara das Caldas da Rainha contestou uma resolução da Comissão de Saúde da Assembleia da República (AR), que recomenda a construção do novo hospital do Oeste no Bombarral, voltando a defender a sua localização neste concelho.
Em causa está uma recomendação da Comissão de Saúde para que o Governo construa, ainda nesta legislatura, o novo hospital do Oeste, no Bombarral (distrito de Leiria).
O texto final, aprovado no passado dia 4, foi contestado pela Câmara das Caldas da Rainha, liderada pelo movimento independente “Vamos Mudar”, que defende a localização do novo hospital na confluência deste concelho e do de Óbidos, ambos no distrito de Leiria.
Num comunicado emitido na sexta-feira, a Câmara diz-se “contrária a qualquer proposta, resolução, ou decisão que contenha no seu teor a indicação de construção do novo Hospital na localização definida pelo estudo promovido pela OesteCim, designadamente no concelho do Bombarral”.
O texto final da Comissão de Saúde reúne as recomendações de quatro projetos de resolução (dois do PAN, um do BE e um do PC), e pede “a construção e funcionamento de um novo hospital público do Oeste, no decorrer da atual legislatura, com mais de 400 camas, que alargue as especialidades/valências hoje existentes no Centro Hospitalar do Oeste e garanta capacidade de internamento hoje não existente para várias especialidades”. Recomenda ainda que a obra avance o mais rápido possível, “no local atualmente definido”: no Bombarral.
A recomendação “não pode receber, por parte dos decisores locais, outra posição que não a de profunda rejeição”, fez saber o presidente da autarquia, Vitor Marques (VM) no comunicado em que lamenta que o texto tenha merecido aprovação dos grupos parlamentares do PS, BE, PCP e Livre, e a abstenção do PSD, Chega e Iniciativa Liberal.
“Na AR nenhuma voz deu corpo às legítimas pretensões de Caldas da Rainha”, lamentou o autarca, que considera a definição do local de implantação do novo hospital “o assunto mais relevante, de maior impacto económico e social e de maior potencial de desenvolvimento, em muitas décadas, para o concelho de Caldas da Rainha”, onde existe já “um hospital de referência”.
Vitor Marques ressalva que esta posição “não se resume a uma defesa territorial cega, antes se encontra defendida em parecer técnico, que aponta graves insuficiências e deficiências nos critérios” contidos no estudo encomendado pela Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCim) e que fundamentou a escolha da localização.
Um parecer técnico encomendado pela Câmara das Caldas da Rainha ao Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano (CEDRU), criticou a falta de critérios deste estudo, recomendando uma “avaliação multicritério”.
Em junho, o então ministro da Saúde, Manuel Pizarro anunciou que o novo hospital será construído na Quinta do Falcão, no Bombarral, substituindo os três atuais hospitais do Centro Hospitalar do Oeste: Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras.
Estas unidades têm uma área de influência constituída por estes concelhos e pelos de Óbidos, Bombarral (ambos no distrito de Leiria), Cadaval e Lourinhã (no distrito de Lisboa) e de parte dos concelhos de Alcobaça (Leiria) e de Mafra (Lisboa), abrangendo 298.390 habitantes.