A evolução da pedra calcária desde a formação geológica à importância que assume na atualidade é explicada na exposição que o Museu da Comunidade Concelhia da Batalha (MCCB), no distrito de Leiria, inaugura na quarta-feira.
“A pedra e a Batalha: da matéria à vida” vai mostrar no MCCB a relevância que o calcário tem, desde logo, para a vila e o concelho, reflexo da existência do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, quase totalmente construído com calcário, classificado Património Mundial da Humanidade pela UNESCO desde 1983.
“A pedra tem um enorme significado para a Batalha”, sublinhou a museóloga Ana Mercedes Stoffel à Agência Lusa.
“Não é só quase criacional, porque a Batalha existe porque há pedra no Maciço Calcário Estremenho para fazer aquele enorme monumento, como também porque as comunidades serranas que aqui existem e a própria cultura da região está muito ligada ao fenómeno cársico”, que resulta “da ‘guerra’ entre água e a pedra que existe ao redor da Batalha”, descreveu a responsável pela exposição.
No MCCB encara-se a pedra calcária de forma diferente, de modo a “tentar até personalizá-la e transformá-la num ser vivo”, para “contar como é que ela evoluiu com os seres humanos através da história e também antes, nos períodos geológicos”, notou.
O Mosteiro da Batalha é a referência óbvia quando se fala de património e calcário na região. Mas ele simboliza apenas “uma zona intermédia na história da pedra” no território.
“A pedra começa há milhões de anos e é com essa história de milhões de anos que começa a própria exposição”, porque “o Maciço Calcário Estremenho é impossível de ignorar”, assumindo-se como “um grande ‘monstro’ que, para o bem e para o mal, rodeia toda a região”.
Envolvendo a população, que “contribuiu com os seus próprios objetivos para o que depois será a visita guiada à exposição”, e também “uma grande quantidade de especialistas”, o MCCB montou uma exposição que se desenvolve em “quatro grandes áreas”, explicou Ana Mercedes Stoffel.
“Tentamos encontrar, até à economia da pedra hoje, um momento distinto para cada protagonismo da pedra na história da Batalha”, antecipou.
“A pedra e a Batalha: da matéria à vida” abre quarta-feira, às 17h30, também com o propósito de ajudar a compreender que “a pedra é um elemento importantíssimo” no nosso quotidiano.
“Dar um pontapé numa pedra parece uma coisa assim muito vulgar”, afirma a museóloga. Contudo, o calcário surge “em coisas que às pessoas nem lhes passa pela cabeça”.
Por exemplo, “o pão, a pasta de dentes, os medicamentos, tudo isso tem carbonato cálcico, a pedra que rodeia a Batalha”.
“Se nós nos habituarmos a respeitar mais aquilo que nos rodeia e a dar-lhe o valor que tem, talvez esta exposição já tenha ganho uns pontos no nosso esforço”, concluiu Ana Mercedes Stoffel.