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Cultura

Alunos da ESECS Leiria vão digitalizar coleção do Estado Novo do espólio do Museu Escolar de Marrazes

Protocolo entre as duas instituições arranca com o tratamento dos livros da Coleção Educativa lançada na década de 50 do século XX.

Coleção Educativa lançada pelo Estado Novo da década de 50 vai ficar acessível online

Em meados do século passado, Portugal apresentava uma das maiores taxas de analfabetismo da Europa: cerca de 40% da população não sabia ler. Para contrariar esse cenário, o Estado Novo lançou a Campanha Nacional de Educação de Adultos e o Plano de Educação Popular, de que fazia parte uma coleção de livros de bolso. Tentava-se proporcionar a aquisição de conhecimentos e, também, doutrinar a população para a ideologia dominante.

Chama-se Coleção Educativa e é constituída por mais de uma centena de títulos. Os temas são tão diversos como a História da Pátria, Geografia, Agricultura, Educação Sanitária, Música, Educação Moral e Cívica, Desporto, Química, Eletricidade ou Imprensa.

É um conjunto precioso de documentos históricos que refletem a realidade de Portugal de então e também do pós-25 de Abril: os livros tinham uma página com uma citação de Salazar que, por ordem oficial durante a Revolução foi arrancada em muitos deles. Outros, politicamente mais óbvios, foram mesmo destruídos.

Entre o espólio do Museu Escolar de Marrazes (MEM) está a Coleção Educativa, que a partir do próximo ano letivo será integralmente digitalizada para ser disponibilizada online.

Esse serviço será feito no âmbito do protocolo “Memória Educativa Virtual: Digitalização e preservação do acervo do Museu Escolar de Marrazes”, estabelecido entre o museu, gerido pela União das Freguesias de Marrazes e da Barosa, e a Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) do Politécnico de Leiria.

“Individualmente é mais difícil chegarmos a públicos diversos. Esta é uma oportunidade de fazer diferente e de divulgar o que achamos que é mesmo importante”, afirma o presidente da União das Freguesias de Marrazes e Barosa, Paulo Clemente.

Para o diretor da ESECS, Pedro Morouço, o trabalho feito pelo MEM “é extraordinário e fundamental”: “A ESECS fica muito grata por poder contribuir e por podermos, em conjunto, disseminar tudo o que aqui está”, afirmou o responsável, que acreditar ser necessário dar “um passo de gigante” para levar mais longe a ação e a obra do MEM. Para já, cerca de 300 estudantes serão convidados a participar, tanto a nível académico como extracurricular.

“O projeto tem muito potencial. Gostava que todo o estudante da Licenciatura de Educação Básica tivesse proximidade a este projeto e que, de alguma maneira, contribuísse para o seu sucesso”, desejou Pedro Morouço, no arranque de uma parceria que não tem termo definido.

Criado em 1992 por duas professoras do 1ª ciclo e desde 2001 integrado na Rede Portuguesa de Museus, o MEM) tem um espólio que, calcula-se, supera os 60 mil peças, entre livros (do século XIX à atualidade), documentos, mobiliário, brinquedos e equipamentos como palmatórias, batas, microscópios e até orelhas de burro. 

Parte desses documentos, sobretudo materiais impressos, como livros, documentos ou jornais, será tratado no âmbito do projeto “Memória Educativa Virtual: Digitalização e preservação do acervo do Museu Escolar de Marrazes”.

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