O tempo média de espera no serviço de urgência geral do hospital de Leiria foi de 11 horas no pico do inverno, alertou ontem a Secção Regional Centro da Ordem dos Enfermeiros.
A Secção Regional Centro (SRC) da Ordem dos Enfermeiros (OE) realizou uma visita a 21 serviços de urgência (SU) da região Centro no dia 12 de janeiro, no pico do inverno, num contexto de “elevada incidência de infeções respiratórias agudas na comunidade e que, há semanas, mantinha os SU sob grande pressão”.
A SRC salientou que a visita, que excluiu as urgências obstétricas, ginecológicas e pediátricas, deparou-se com um tempo de espera médio entre triagem e observação médica em pulseiras amarelas de 11 horas em Leiria. O tempo médio do serviço de urgência era de 83 minutos, sendo que o tempo máximo para observação de pulseiras amarelas é de 60 minutos.
A OE refere ainda que em quatro SU não havia espera.
“Aveiro foi o SU com maior afluência de utentes, sendo que o Hospital Universitário de Coimbra era a unidade com mais enfermeiros. O Serviço de Urgência Médico-cirúrgica de Caldas da Rainha teve a melhor resposta instalada face à procura registada, enquanto São João da Madeira e Águeda registaram a pior”.
A OE revelou ainda que São João da Madeira e Águeda detêm o pior resultado na relação nas 24 horas do rácio enfermeiro/utente, “com cerca de 11 utentes por cada enfermeiro”.
Já o “hospital geral de Coimbra e Caldas da Rainha surgem com cerca de dois utentes por cada enfermeiro”.
Durante a visita aos serviços de urgência foi também avaliada a implementação de protocolos de Vias Verdes e apenas dois Serviços de Urgência Básica, quatro Serviços de Urgência Médico-cirúrgica e um Serviço de Urgência Polivalente dispunham de equipa de transporte.
Como estes transportes “demoram horas, ausentando elementos das equipas, durante grande parte dos turnos” o rácio é reduzido, “colocando em causa as dotações seguras, com todas as consequências que daí podem advir, tanto para doentes como para profissionais”.
As visitas foram realizadas a dez Serviços de Urgência Básica, a nove Serviços de Urgência Médico-cirúrgica e a dois Serviços de Urgência Polivalente.
Coimbra registou o maior número de admissões: 442 (Hospital Universitário de Coimbra e Hospital Geral – Covões). Seguiu-se o Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro, com 427 doentes admitidos, e 242 admissões no Hospital São Teotónio, em Viseu.
Foram objeto de avaliação o número de admissões das últimas 24 horas, as prioridades atribuídas pelo Sistema de Triagem de Manchester, os tempos de espera para a 1.ª observação médica, a existência de equipas de transporte, de protocolos vias verdes e de protocolos de reavaliação/retriagem de doentes e ainda a permanência de doentes há mais de 24 horas nos SU e as dotações de enfermagem.
“Quase 600 doentes estavam há mais de 24 horas nos SU, destacando-se pela negativa Guarda (59 utentes); Caldas da Rainha (36 utentes) e Leiria (34 utentes) entre as 24 e as 48 horas, dos quais 83 aguardavam há mais de dois dias no SU”, adiantou a OE.
Guarda e Leiria “mantêm o retrato negro nesta categoria, com 23 e 21 utentes, respetivamente”.
Os enfermeiros realçaram que quando o número de doentes no SU é elevado, os utentes permanecem internados em espaços “sem vigilância”, não existindo “condições mínimas de segurança”.
“Quando existem tempos de espera para a primeira observação médica que ultrapassam as 20 horas, é impossível assegurar dotações de enfermeiros que consigam retriar/reavaliar”.
Quando se aproxima o outono e inverno, um momento propício a doenças respiratórias, a divulgação destes dados tem como objetivo “perceber os problemas instalados, aliás, há vários anos a esta parte, onde os riscos para com a qualidade e segurança de cuidados a prestar estão mais vincados”, afirmou o presidente do Conselho Diretivo da SRC da Ordem dos Enfermeiros, Valter Amorim, citado numa nota de imprensa divulgada ontem.