Quase centena e meia de elementos de ranchos que integram a Associação Folclórica da Região de Leiria – Alta Estremadura (AFRLAE) participam sábado, 14 de setembro, na Mostra do Trajo Etnográfico. O desfile decorre a partir das 21 horas e vai permitir apreciar no Jardim Luís de Camões (com 250 lugares sentados) o que se vestia na região na viragem dos séculos XIX para o XX. Quadros etnográficos mostram como se apresentava quem ia para o trabalho, para a feira ou para a romaria, entre outros. A acompanhar, há música da tocata do Rancho Típico de Pombal e comentários aos vivo.
“Vamos trazer o folclore à cidade. Queremos dar a conhecer que o folclore ainda está vivo, que não é só para pessoas antigas. Há muita gente nova que gosta de manter as suas tradições e que gosta do folclore”, referiu ao REGIÃO DE LEIRIA Cláudia Marcelino, presidente da AFRLAE. A dirigente faz parte do Rancho do Freixial e já desfilou em edições anteriores. “Quando vestimos estes trajos, sentimos orgulho”, assume, lembrando que as peças envergadas são, muitas vezes, “originais ou réplicas de modelos muito antigos, feitas no tear”.
“Por vezes as pessoas não dão importância, mas temos de ter respeito pelo trajo que vestimos e sentir orgulho no que estamos a apresentar”, salientou Cláudia Marcelino.
O desfile sugere ainda uma comparação e reflexão sobre a atualidade. “Antes, a roupa usava-se a vida toda, até gastar, e algumas peças passavam de pais para filhos”. Um contraste claro com a atitude descartável do pronto-a-vestir atual. “A roupa era tão pouca que tinha de ser valorizada. E era feita com produtos e mão de obra local, não era importada de países onde há exploração da mão de obra”, aponta.
A 11ª edição do XI Mostra do Trajo Etnográfico da Alta Estremadura traz uma novidade: pela primeira vez realiza-se em simultâneo com o Mercado da Tradição (que se prolonga até domingo à tarde), em que os ranchos do concelho de Leiria vendem a produção típica das suas terras. “São produtos que não há nos supermercados e que apelam à memória das tradições antigas e dos nossos antepassados. Quase só se conseguem adquirir nas aldeias”, realça Cláudia Marcelino.