A Florestgal, empresa pública de gestão florestal, tem o objetivo de adquirir entre 300 a 500 hectares por ano para aumentar as propriedades que gere e defende o acesso a fundos até um milhão de euros para financiar a expansão.
“Seria bom se conseguíssemos crescer a um ritmo de aquisição da área entre 300 a 500 hectares por ano. Era muito bom que isso pudesse acontecer, mas para isso acontecer precisamos de fazer duas coisas. Precisamos de ter capacidade financeira para conseguir alavancar esse processo e precisamos de conseguir conciliar os objetivos de conservação com os objetivos de produção”, disse à agência Lusa o presidente da Florestgal, José de Jesus Gaspar.
O responsável salientou que a empresa é completamente autónoma e não recebe qualquer financiamento direto do Estado para funcionar (as receitas provenientes das suas propriedades permitem cobrir todas as despesas anuais), mas defendeu que, para uma política expansionista, deveria ter acesso a um apoio regular de “500 mil euros a um milhão por ano” para aquisição de novos terrenos, nomeadamente através do Fundo Ambiental.
Entre 2022 e 2023, a Florestgal teve um apoio de cerca de 2,5 milhões de euros do Fundo Ambiental para comprar vários terrenos, com interesse de conservação, num total de quase 1.200 hectares na Serra de São Mamede, Tejo Internacional, Serra da Arada e Serra da Estrela.
José de Jesus Gaspar entende que a política de expansão territorial deveria conciliar as duas vertentes – terrenos de produção e de conservação –, para não incluir apenas propriedades “que geram quase só um custo e não geram rendimento” no portefólio da empresa.
Para o responsável, a política de expansão deverá estar sempre centrada na envolvente de propriedades que a Florestgal tem, que conta com quase 16 mil hectares (entre terrenos próprios e geridos) em 30 concelhos, sobretudo no Norte e Centro.
Em entrevista à agência Lusa, José de Jesus Gaspar referiu que a Florestgal tem avançado com uma gestão mais ativa de terrenos que eram seus, onde implementou projetos com um caráter demonstrativo de reconversão de propriedades, e é a entidade gestora das operações de áreas integradas de gestão de paisagem (AIGP) em Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Pampilhosa da Serra, que totalizam cerca de 7.000 hectares.
Para o presidente da empresa, sediada em Figueiró dos Vinhos, é fundamental a Florestgal procurar atividades que possam gerar receitas, apostando na “multifuncionalidade” das suas propriedades – um terreno florestal poder também servir para pastorícia, apicultura, turismo ou caça.
A empresa, que começou com dois funcionários em 2017 e que já conta com 11 trabalhadores (sobretudo técnicos especializados), regista uma receita anual de um milhão de euros de rendas de terrenos a terceiros.
“A gestão florestal tem um problema que é o período de carência entre o investimento e obtenção de receita. Com estas rendas, temos fontes de financiamento regulares e fixas”, aclarou, referindo que as áreas de eucalipto, se ao início eram uma parte significativa do portefólio da empresa, foram vendidas ou reconvertidas, mantendo-se apenas aquelas “onde o nível de produtividade era alto”.
Para o futuro, José de Jesus Gaspar antevê uma aposta na caça e no turismo, estando a trabalhar na caracterização de todas as propriedades da Florestgal.
“Temos já três locais identificados – Alcácer, Chamusca e Tejo Internacional –, para desenvolver atividades ligadas ao turismo e à caça. Mas há outras áreas que terão potencial”, vincou.
José de Jesus Gaspar assumiu funções como presidente da Florestgal em junho de 2023, após o anterior Governo ter demitido Rui Gonçalves. O mandato da atual administração terminou no final de dezembro de 2023, mantendo-se, desde então, em gestão.