A vida em Portugal durante o Estado Novo vai ser analisada e desmistificada em “Antigamente é que era bom…”, conferência que a Comcept – Comunidade Céptica Portuguesa e o Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova organizam este sábado em Leiria.
A conferência anual da associação de céticos nacionais, intitulada ComceptCon, promete um dia de reflexão e debate no Museu de Leiria, visando “a desmistificação de algumas ideias idílicas sobre um passado benigno, mais tranquilo e harmonioso, especificamente no que diz respeito à história recente de Portugal”.
Diana Barbosa, presidente da Comcept, explicou à agência Lusa que, “estando a celebrar-se os 50 anos do 25 de Abril, este era o ano ideal para pegar na ideia de que ‘antigamente é que era bom…’, sobretudo do ponto de vista do quotidiano das pessoas comuns”.
Ao longo do programa de sábado, que começa às 10 horas, Alexandra Neves, da Universidade do Minho, falará sobre saúde e assistência médica no Estado Novo, Maria Alice Samara, da Universidade Nova, vai abordar a vida das mulheres e a condição feminina, Raquel Pereira Henriques, também da Nova, analisará o ensino na ditadura, e Victor Pereira, igualmente da Nova, recordará as migrações portuguesas.
“Existe muito a desmistificar, tanto pela positiva como pela negativa”, antecipa Diana Barbosa, acrescentando que esse é o objetivo da conferência ComceptCon.
“Dar a conhecer temas menos conhecidos na sociedade civil, entre as pessoas que não são académicas, e também desmistificar algumas ideias comuns, alguns mitos, alguns preconceitos, neste caso, em relação à História de Portugal recente”.
No final, todos os especialistas convidados participam num debate sobre “História e memória”, sobre fontes históricas, a memória das pessoas e memória pública.
O evento, que integra a agenda da Comissão 50 Anos 25 de Abril, é, por si só, uma homenagem à revolução que permitiu a democracia, considera Diana Barbosa:
“Nós, como associação, só existimos porque Portugal é um país democrático. Durante a ditadura não eram permitidas associações como a nossa, que livremente debatiam temas polémicos, ou menos polémicos, que falavam de ciência, que se auto-organizavam, que se reuniam”.
“Portanto”, concluiu, “para nós é muito importante assinalar também a democracia, nos 50 anos da democracia, pegando na História”.