“Perguntámos a muita gente em Ourém e Luandino era uma pessoa completamente desconhecida aqui no meio”. Esse cenário, descrito pela vereadora da Cultura, Isabel Costa, já mudou: nos últimos meses, muitos milhares de alunos do concelho estudaram a obra do escritor que nasceu em Ourém – na Lagoa do Furadouro – há 89 anos, de onde saiu com três anos, naturalizando-se angolano e tornado-se referência da literatura de língua portuguesa. Em 2006, José Luandino Vieira venceu o Prémio Camões, distinção que recusou.
Este fim de semana, culminando meses de estudo que deram origem a uma exposição de trabalhos escolares, Ourém acolhe as Jornadas “Luuandando com José Luandino Vieira – As estórias de ontem, hoje e amanhã”, organização do município, da Fundação Gulbenkian e do Politécnico de Tomar.
Durante dois dias, especialistas e interessados em Luandino Vieira vão abordar a obra do escritor sob diversas perspetivas, nomeadamente a capacidade para inventar palavras. “É quase um precursor do tipo de linguagem de escritores que lemos tanto hoje, como Mia Couto ou Agualusa”, destaca a vereadora.
A ligação de Luandino a Ourém “é muito inicial” mas importa que “não se deixem perder estas pequenas ‘raízes’”. “Mesmo que não dê resultado, é fundamental toda a comunidade ter agarrado este desafio”.
Afinal, agora, “já não estamos de todo como estávamos há quatro meses”, desconhecendo o Prémio Camões que ali nasceu.
Mais informação sobre as jornadas em http://www.jornadasluuandando.ipt.pt/ourem/
