A Federação Mundial de Desportos de Disco (WFDF sigla em inglês) lançou o manual de “Introdução aos Desportos de Disco nas Escolas”, destinado aos professores do 1.º ciclo e jardins-de-infância de vários países do mundo, incluindo Portugal.
Da autoria de José Amoroso, professor do Politécnico de Leiria e presidente da Comissão do Desporto Universitário e Escolar da WFDF/Comissão da Juventude e do Desporto, o manual está escrito em inglês, mas poderá ser traduzido na língua do próprio país, explicou à agência Lusa o responsável.
Disponível em formato eletrónico, apresenta todas as disciplinas da modalidade, os seus diferentes equipamentos, instruções para ensinar competências básicas e 30 atividades diferentes para o contexto das escolas do 1.º ciclo e dos jardins-de-infância.
O livro baseia-se em recursos anteriores, como o “Manual de Ultimate e Desportos de Disco nas Escolas”, também da autoria de José Amoroso, publicado em 2019 na língua portuguesa e editado em inglês em 2020, em croata em 2022 e em chinês em 2024.
Este manual tem uma maior abrangência e destina-se a professores e a educadores de infância, proporcionando assim a disseminação dos desportos de disco a um maior número de alunos.
Segundo José Amoroso, no jardim-de-infância as crianças contactam com o lançar e o receber (habilidades motoras) do disco com jogos, com um destaque “para a componente mais lúdica, que tem aqui uma riqueza diferenciadora”.
Os desportos de disco debruçam-se também sobre o espírito de jogo, utilizando a autoarbitragem. No Ultimate, no final de cada encontro, as duas equipas cumprimentam-se e discutem entre si o que correu bem e pior.
“Depois, tem a valência ao nível das capacidades motoras (condicionais e coordenativas), com destaque para a orientação espacial, entre outros fatores que são muito positivos para o desenvolvimento, numa altura em que falamos de literacia física”, sublinhou.
Com valências idênticas à maior parte dos desportos coletivos ao nível das capacidades condicionais, como “a velocidade, resistência, força e flexibilidade”, José Amoroso exemplificou com que “se forem lecionadas no jardim-de-infância, podem ter um impacto bastante positivo, ao nível da coordenação motora, coordenação óculo-manual, o equilíbrio e orientação espaciotemporal”.
Reconhecendo que muitos dos alunos que chegam ao curso de Desporto e Bem-Estar da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais surgem “desprovidos de valências ao nível da motricidade”, o docente considerou que introduzir esta prática desde pequenos “procura inverter estes fatores de ordem motora e incluir a parte dos valores”.
José Amoroso reforçou os valores desta modalidade: “Se ‘confrontarmos’ as crianças com esta situação de autoarbitragem desde cedo, obviamente devidamente conduzido, é um fator predominante para terem de olhar para as suas ações e o que elas causaram aos outros. Com isso a comunicação melhora. Numa altura em que as pessoas falam cada vez menos há aqui há algo que é fundamental”, acrescentou.
De acordo com o também antigo presidente da Associação Portuguesa de Ultimate e Desportos de Disco (APUDD), “há indicadores de que o Governo queira dar um maior número de horas à educação física no 1.º ciclo”, pelo que esta pode ser “uma oportunidade para alavancar e potenciar os desportos de disco”.
A APUDD está neste momento a realizar um levantamento de escolas e clubes em Portugal, onde o manual possa ser introduzido. Em Leiria, há já uma escola piloto sinalizada.
“A missão da Federação Mundial de Desportos de Disco é apoiar e promover o crescimento inclusivo e o desenvolvimento de todos os desportos de disco e o espírito do jogo. Neste sentido, este livro apresenta conteúdos e atividades que fornecem a todos os profissionais de ensino a informação e os passos práticos necessários para iniciarem as crianças na participação desta missão”, afirmou Robert ‘Nob’ Rauch, presidente da WFDF, citado num comunicado.